Saiu a sorte grande

Em tempos de crise, mais uma, esta política. A crise da liderança do Partido Socialista.

Num destempero ao jeito da iliteracia oligárquica em que sobrevivemos, António Costa aceitou encabeçar um frentismo jacobino-maçónico que leva como pilares de referência uma série de mortos-vivos políticos.

É triste, é lamentável e é politicamente errado que Costa se preste a isso.

Mas é útil, muito útil, para que o Governo possa durar sem grandes mazelas até ao final da legislatura.

Isso é crucial para Portugal.

Outro aspecto: esta crise encenada no PS também é muito útil para António José Seguro.

Por um lado, porque assim está fortemente justificado pelos seus pares para não fazer política, nem oposição, porque lhe exigem que esteja a lutar pela sua própria sobrevivência (e dos seus pares) no seio do PS.

Depois, porque com esta crise Seguro pôde, finalmente, acobertar o regresso do fantasma Socrático (e o do próprio lastimável personagem e da sua coorte de ilícitos apaniguados) no regaço do frentismo liderado pelo A. Costa, que assim dá um grandessíssimo trambolhão de credibilidade e fica entalado entre aquele passado criminoso e as puras promessas agora por si encenadas.

De facto, o povo já não suporta mais ser enganado.

Nem esquece quem lhe serviu a crise à mesa.

Já não admite Sócrates.

Dois em um para Seguro!

E, por último, pela forma como ele tem trabalhado esta crise socialista, parece que temos liderança institucional no maior partido da esquerda.

Portugal agradece e isso dará futuramente os seus frutos.

Na consolidação do espaço de intervenção dos partidos do chamado arco da governação e, sobretudo (e penso no apodado reformismo do CDS), para que a Coligação governe (muito) melhor do que até aqui e possa fazer as reformas que prometeu.

Advogado, Conselheiro Nacional do CDS

 

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