O independente Rui Moreira deu um prazo, que termina nesta sexta-feira, aos dirigentes do CDS para apresentarem uma proposta que ponha um ponto final no diferendo que há algum tempo está a minar as relações entre o presidente do executivo e o vereador que tutela o pelouro da Fiscalização e da Protecção Civil, Sampaio Pimentel.

O presidente defende o afastamento do seu número dois na lista do executivo, substituindo-o por Manuel Aranha (CDS). No entanto, a vontade o autarca pode esbarrar no não de Sampaio Pimentel e, neste cenário, a alternativa passa por lhe tirar os pelouros. E se assim for, o autarca do CDS – um dos primeiros apoiantes de Moreira na corrida à Câmara do Porto – passa a integrar a lista de vereadores sem competências, como acontece com Carla Miranda (PS), Amorim Pereira e Ricardo Almeida (PSD) e Ricardo Valente (independente eleito na lista social-democrata) e Pedro Carvalho (CDU).

Sobre este assunto, os dirigentes do CDS têm mantido um profundo silêncio, mas tanto Álvaro Castello-Branco, líder da distrital do Porto do CDS, como Pedro Moutinho, presidente da concelhia, têm consciência do clima de animosidade que existe actualmente entre os dois autarcas e com certeza que apresentarão nesta sexta-feira uma solução de forma a sanar o problema.

De acordo com vários relatos feitos ao PÚBLICO, Rui Moreira estará desagradado “com alguns dos comentários políticos feitos pelo vereador do CDS na sua página pessoal no Facebook relativamente a algumas decisões do executivo, designadamente sobre a nomeação do novo director de programação do Teatro Municipal do Rivoli e do Campo Alegre, Tiago Guedes, e as salas de consumo assistido”.

Mas há quem recue mais atrás para dizer que Pimentel “chegou a desautorizar o presidente aquando da discussão do regulamento de propaganda". Rui Moreira criticou o regulamento anterior, feito pelo executivo de Rui Rio e Sampaio Pimentel não gostou”.

“É normal que o presidente da câmara queira descolar das políticas do seu antecessor, porque tem o seu próprio programa e que tome posições diferentes e isso tem vindo a minar a relação com os vereadores que estiveram no executivo de Rui Rio e que estão agora com Rui Moreira”, declarou ao PÚBLICO fonte da autarquia, frisando que “há uma série de situações que o evidenciam o mal-estar no seio da maioria”.

Todavia, esta não é a primeira crise política que Rui Moreira enfrenta, mas, curiosamente, o CDS está na origem delas. No início deste ano, Daniel Bessa demite-se da presidência da Assembleia Municipal do Porto, surpreendendo toda a gente, incluindo presidente que fora informado nessa mesma noite. Na altura de bater com a porta, o ex-ministro da Economia deixou críticas ao “peso” do CDS na Câmara do Porto. “Há CDS a mais” num movimento que nasceu independente, disse. Agora Moreira é acusado de dar protaganismo a mais ao PS.