Ruas deixa ANMP com uma frustação: "Não ter sido candidato à Câmara de Viseu"

Crítico do memorando de entendimento, o ex-presidente da autarquia de Viseu lamenta tensão entre poder central e local.

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Fernando Ruas no discurso de despedida, esta manhã em Santarém Miguel Madeira

Fernando Ruas deixou este sábado a presidência do conselho directivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) com uma frustação, que partilhou com autarcas presentes no XXI Congresso, em Santarém: “Posso referir ser o único cidadão maior e sem cadastro que é impedido de ser recandidatar ao município de Viseu”.

Na sessão de abertura do congresso da associação de municípios, o presidente cessante da ANMP não resistiu a criticar a Lei de Limitação de Mandatos que o impediu de se recandidatar a mais um mandato à frente da Câmara de Viseu, à qual presidiu 24 anos, e aproveiou para criticar o memorando de entendimento e o acordo firmado pelos chamados partidos do arco da governação, documento que, disse,“foi distorcendo e marcando todos os princípios e regras por que se seguia todo e qualquer país livre, soberano e independente”.

No discurso de despida enquanto presidente da ANMP, Ruas recusou que os municípios sejam despesistas e realçou as “dificuldades acrescidas” criadas às autarquias pelo memorando de entendimento e referiu que “sempre existiiu uma tensão latente e natural entre o poder local e o poder central”.

O ex-autarca do PSD defendeu a autonomia do poder local como um “princípio ‘genético’ e estruturante do Estado de direito” e referiu-se depois “às circunstâncias excepcionais e inusitadas” que acontecerem nos últimos anos e que “impuseram ao país, no seu todo, condições sociais, políticas e económicas draconianas de que o poder local não saiu ileso”.

Na hora de passar o testemunho, o presidente cessante da associação de municípios destacou a importância da ANMP, “uma instituição única e uma referência nacional na governação de âmbito local, um modelo em que orgulhosamente, todos nos podemos rever (...)” e enalteceu a “independência” que tem marcado a história da associação.

Antes, tinha evidenciado o “contributo, apoio, dedicação e trabalho dos pares dos sucessivos conselhos directivos, desde os primórdios em 2001 até ao presente (...) e aproveitou para agradecer a todos os membros do Conselho Geral na pessoa do seu presidente, Mário de Almeida, pela “frontalidade na defesa das suas convicções sem nunca pôr em causa o bem maior e mais elementar dessa casa – consensualização de posições(...)”.
 

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