Rio admite candidatura ao PSD ou à Presidência se existir "movimento grande" a pedir-lhe

Ex-autarca do Porto diz que a qualidade média daqueles que estão disponíveis para a política baixou muito.

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Rui Rio teve ontem a sua última ceia com os vereadores enquanto presidente da Câmara do Porto Adriano Miranda

O antigo presidente da Câmara do Porto, o social-democrata Rui Rio, admitiu candidatar-se à liderança do partido ou ao cargo de Presidente da República se “sentir que há muita gente” que o deseja.

“Se as coisas no país evoluírem de uma tal forma que um dia seja absolutamente claro que há muita gente que desejava mesmo e deposita muita confiança em mim, e por um conjunto de circunstâncias quer que eu vá, se eu sentir que isso é movimento muito grande, é evidente que dificilmente uma pessoa pode defraudar as pessoas e fugir”, afirmou Rio em entrevista ao programa “Terça à Noite”, da Rádio Renascença.

Na última entrevista que deu à RTP enquanto presidente da Câmara do Porto, em Outubro, o antigo autarca tinha já admitido voltar à política se uma situação de emergência o exigisse.

Na ocasião, Rui Rio disse que “pode acontecer qualquer coisa no país” em que acabe por estar envolvido e que o faça voltar ao primeiro plano da política nacional.

Na entrevista à Rádio Renascença, o social-democrata voltou a defender uma “reforma profunda nas regras base do próprio regime”.

“O regime está de tal ordem desacreditado, seja na vertente política seja por exemplo no sistema de justiça, que para mim é claro que se nós não introduzirmos reformas muito profundas no regime ele vai cada vez enfraquecendo mais”, ficando mesmo “em perigo”, sustentou.

Para o economista, devem ser introduzidas alterações no regime para o “vitalizar e para conseguir introduzir de novo um contrato de confiança entre a política e a sociedade”.

“Há uma desconfiança da sociedade relativamente à política. Para se conquistar o poder dentro dos partidos é necessário fazer-se determinadas coisas para as quais as pessoas de maior valor não estão disponíveis”, frisou.

No seu entender, as máquinas partidárias afastaram as pessoas “de referência” da política, sendo que actualmente já não há quem esteja disponível para “pagar quotas a militantes” ou levá-los em camionetas a votar para alcançar à liderança de um partido, como aconteceu ao longo dos últimos 40 anos.

“As pessoas de maior envergadura, de maior presença na sociedade, maior valia nacional, ou se afastam ou são empurrados e naturalmente a qualidade média daqueles que estão disponíveis para a política baixou muito”, concluiu.
 

   





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