Respostas a João Miguel Tavares

Há percepções que não colam à realidade

No seguimento do artigo [“De onde vem o dinheiro, António Costa?”] que assina na edição de [17 de Julho] do PÚBLICO gostaria de lhe transmitir não ser de todo correta a percepção que a minha participação na campanha das eleições primárias do PS está a afetar o desempenho das funções de presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que cumpro com todo o gosto.

A verdade é que, regra geral, tenho dedicado à campanha apenas o tempo que me é disponibilizado pelo exercício do cargo para o qual fui eleito pelos lisboetas, ou seja as noites e os fins-de-semana, em que efectivamente tenho feito um grande esforço para chegar a todos os militantes e simpatizantes do PS espalhados pelo país. Aliás, basta consultar a minha agenda para perceber esse facto e da possibilidade de conjugar ambas as tarefas.

Para objectivar este facto podia remeter-lhe a minha agenda desta semana, onde verificaria que para além de vários eventos públicos como presidente de Câmara (desde a inauguração do Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos, na segunda-feira, à participação na reunião da Assembleia Municipal, na terça-feira, à reunião do Conselho Metropolitano de Lisboa e à participação na cerimónia de assinatura do contrato de concessão do terminal de cruzeiros de Lisboa, hoje mesmo, à inauguração, sexta-feira, do Museu de Santo António, além da participação nos eventos do Mandela Day, no Intendente), tenho mantido as várias reuniões que a normal actividade interna da Câmara implica.

Meu caro, por vezes, há percepções – como esta que hoje transmite no artigo em causa – que não colam à realidade. Não ficaria de bem comigo próprio se não o esclarecesse desse desfasamento.

Com os melhores cumprimentos,

António Costa

 

De onde vem o dinheiro

No artigo de opinião que [a 17 de Julho] publica no jornal PÚBLICO, V. Exa questiona directamente “De onde vem o dinheiro, António Costa?”, referindo-se à campanha para as eleições primárias do Partido Socialista. Na qualidade de director financeiro da referida campanha de António Costa, tomo a liberdade de lhe responder à pergunta – tal como teria feito tivéssemos sido contactados previamente.

Em primeiro lugar, permita-me contestar a expressão “rios de dinheiro” gastos, que não corresponde, de todo, à verdade. A campanha tem sido feita até agora, e certamente continuará assim, à base de voluntarismo e militância de várias pessoas, entre as quais eu próprio me incluo.

Sucede assim, por exemplo, com as duas viaturas de gama média que têm sido utilizadas, emprestadas por militantes que apoiam o dr. António Costa, que têm também suportado o combustível gasto. Aliás, as referidas viaturas têm variado, de acordo com a disponibilidade dos seus proprietários para as emprestar…

O “muitíssimo profissional” site foi elaborado e é mantido voluntariamente por uma série de apoiantes da candidatura (que também o fazem nas redes sociais), não tendo custado um cêntimo que fosse, agradecendo nós as suas palavras por a entendermos como um elogio à sua qualidade.

Todas as pessoas que têm colaborado com o dr. António Costa são voluntários e não têm qualquer remuneração por esse facto. Fazem-no com base na disponibilidade do seu tempo para lá das funções profissionais que desempenham, onde quer que seja. E certamente que não impediríamos que quem quer que quisesse fosse impedido de o fazer por manter contratos de prestação de serviços na CML, desde que essa situação não ponha em causa o integral cumprimento das suas obrigações profissionais.

Quanto aos cenários e ao som, que também fazem parte das suas preocupações, serão obviamente custos a imputar à subvenção que o PS fornecerá às candidaturas, nos termos do regulamento destas eleições, e que farão parte do orçamento que entregaremos à comissão organizadora, logo que a candidatura seja formalizada.

O que lhe posso garantir é que esta candidatura cumprirá escrupulosamente as regras que forem definidas nesta matéria, com total transparência. O que não podíamos fazer, como entenderá, era perante uma pergunta de um órgão de comunicação social, que cita no seu artigo, sobre qual o nosso orçamento, responder de outra forma que não aquela que o fizemos. Por uma simples razão: só o saberemos quando a comissão organizadora destas eleições primárias definir qual é o valor disponível.

Como vê, meu caro João Miguel Tavares, julgo não haver motivos para as preocupações sobre falta de transparência ou, pior ainda, para qualquer tipo de afirmação que possa insinuar qualquer outro tipo de atuação menos clara. O dr. António Costa decidiu candidatar-se nestas eleições e, entre militantes e simpatizantes do PS, esse facto gerou um grande entusiasmo e militância, que se traduz na disponibilidade de muita gente para trabalhar voluntária e graciosamente em prol dessa candidatura. Nada pode haver mais claro do que isso.

Quanto ao resto, que é necessário para qualquer campanha, será orçamentado e pago no escrupuloso cumprimento das regras e da lei.

Foi assim em todas as campanhas eleitorais do dr. António Costa e também será nesta.

Agostinho Abade, Director Financeiro

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