Rangel centra discurso na aparição de Sócrates na campanha do PS

Cabeça de lista do PSD/CDS assinala a disponibilidade para consensos com os socialistas.

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Adriano Miranda

À saída de uma visita à Associação Portuguesa da Cortiça, Paulo Rangel pouco se demorou a falar deste produto exportador e preferiu disparar contra o anúncio da participação de José Sócrates na campanha do PS.

“Isto é o regresso a uma visão despesista, é simbólico. Há um candidato do PS que diz que não sabe se é bom ou mau para a campanha”, afirmou aos jornalistas o cabeça de lista da Aliança Portugal, em Santa Maria da Feira.

Nuno Melo, o candidato do CDS, aponta para o PS e, mais uma vez, para José Sócrates. “Estamos em eleições europeias, só ao PS ocorreria apresentar o programa de Governo”, começou por dizer o centrista. Para trazer o ex-primeiro-ministro à baila, Nuno Melo lembrou a fotografia tirada por António José Seguro ao lado de Martin Schulz, na passada semana, em Lisboa, e a recriação que foi feita nas redes sociais em que figuravam os Marretas. Para o centrista, era preciso “postar” José Sócrates naquela selfie para “Portugal inteiro ficar a perceber rigorosamente o que está em causa nas eleições de dia 25”.

Questionados sobre possíveis alianças com o PS, Rangel assinala a disponibilidade para os consensos. Já Nuno Melo contorna a pergunta sobre um possível incómodo para o CDS, no caso de um entendimento PSD/PS: “Nós, no CDS, não abrimos nenhum ciclo para as legislativas”.

Apesar de não se cansarem se sublinharem a coesão da aliança PSD/CDS, o líder dos centristas prepara-se para fazer uma acção de campanha, este domingo, no Alentejo, com o candidato a presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ao mesmo tempo que prossegue a campanha de Rangel no Norte do país.

Paulo Rangel considera que são momentos “perfeitamente definidos” e que “é normal”. E garante que é o próprio luxemburguês que “quer cobrir o país todo”.

“Tome lá uma canetinha, dá sempre jeito”

Os candidatos começaram o dia a percorrer uma rua pedonal de Espinho, onde a recepção foi um pouco melhor do que nos últimos dias, muito graças à aparente popularidade de duas figuras da terra, o presidente da câmara, Pinto Moreira, e Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD. Ao som de cânticos mais afinados das “jotas”, Rangel e Melo foram distribuindo material de campanha.

“Tome lá uma canetinha, que dá sempre jeito”, repetiu o cabeça de lista, enquanto o candidato do CDS lembrava que os panfletos têm o calendário dos jogos do Mundial de futebol.

Dentro de um café, uma professora reformada desabafou a sua “desilusão” relativamente aos políticos.

“Vou votar, mas pela primeira vez não sei em quem”, confessou a Rangel e a Melo. E considerou que a abstenção – um dos maiores receios da Aliança Portugal – significa uma “traição”, já que as mulheres “lutaram” para ter direito de voto.

Momentos depois desta conversa amena, um reformado que trabalhou no sector ferroviário expressou a sua indignação contra a maioria PSD/CDS. “Deviam ter vergonha do que andam a fazer ao povo”, gritou. A comitiva saiu discretamente, mas um dos elementos da caravana ficou a discutir com o eleitor. Acabou por desistir e saiu. Foi o incidente da manhã.

“Há sempre um em todas as acções de rua”, desabafava um elemento da caravana. 

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