Aguiar Branco: "Quem representa os militares são as chefias não as associações"

Ministro da Defesa desvaloriza as tensões nas FA e diz que as associações não representam todos os militares.

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Entrevista com Aguiar Branco Vítor Hugo Costa (vídeo), Leonete Botelho, Nuno Sá Lourenço

José Pedro Aguiar-Branco recebe o PÚBLICO no seu amplo gabinete com vista para o Mosteiro dos Jerónimos e o rio Tejo, onde se destaca uma única fotografia: o seu aperto de mão com Leon Panetta, o secretário da Defesa norte-americano. Na estante à esquerda, estão as ofertas feitas pela Força Aérea Chinesa, na da direita muitas edições da sua proposta para revisão do programa do PSD, preterida pelo presidente do partido, Pedro Passos Coelho.

Por todo o lado, há canetas Mont Blanc, parte da sua colecção, mas que raramente usa para fazer os "rabiscos" com que preenche páginas e páginas, sobretudo durante as reuniões do Conselho de Ministros. Uma conversa com vista para as Lajes, os negócios da Defesa e o Governo.

Considera que conseguiu conter as manifestações de descontentamento entre os militares com algumas medidas que foram tomadas? 
A pergunta parte de um pressuposto que eu não acompanho, de que as medidas foram tomadas para conter o descontentamento. Nós tomámos as medidas que considerámos correctas em relação à condição militar. Desde o início, referi que a questão das promoções nas Forças Armadas (FA) teria que ter um tratamento diferenciado, porque é importante na lógica do comando. Não podemos defender que queremos ter FA com regras que não são militares. Não é aceitável, na lógica da condição militar, que as promoções não aconteçam. 

Foi difícil convencer Vítor Gaspar da importância do descongelamento das promoções?
O ministro das Finanças não tem particular interesse em incomodar os seus colegas de Governo. Deixe-me também dizer que convém não confundir as associações profissionais com os militares. As associações, que eu respeito, representam os seus associados. Os militares são um universo incomensuravelmente maior. Só de efectivos, estamos a falar de uma razão entre os três mil - que são o número nas associações - para 37 mil. 

As associações não falam em nome dos militares?
Quem fala em nome dos militares são as chefias. Daí que haja uma lógica disciplinar diferente nas FA.

 

Leia a entrevista completa na edição impressa deste domingo

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