Quarenta anos de 25 de Abril contados em exposições, concertos e em histórias comuns

PSD apresentou programa de comemorações de 40 anos de democracia e de partido

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Marcelo Rebelo de Sousa, um dos fundadores do PSD, foi ao congresso do partido recordar na primeira pessoa como escreveu numa máquina Olivetti o programa do então Partido Popular Democrático (PPD), assim chamado pela razão de que o social-democrata já estava a ser usado por outras forças políticas. Agora, outro fundador, Francisco Pinto Balsemão promete que a sua mulher vai contar como é que essas linhas foram batidas à máquina (“não numa Olivetti”) em sua casa, madrugada fora.

As histórias de militantes do PSD serão lembradas num site criado para as comemorações e são uma das múltiplas formas de assinalar os 40 anos de democracia e de partido. Com um programa a estender-se pelo período de um ano, os sociais-democratas querem celebrar mais do que uma mera data. “Queremos comemorar o movimento gerado a 25 de Abril, lembrando o papel que temos desempenhado e propondo metas para que esse movimento prossiga, procurando o aperfeiçoamento da democracia não apenas política mas também, como defendeu Sá Carneiro, a democracia social, económica e cultural”, afirmou Francisco Pinto Balsemão, numa conferência de imprensa, esta terça-feira, na sede do partido.

É na acepção mais profunda do 25 de Abril que está assente um conjunto de conferências, que vão acontecer em todos os distritos, sobre reformas em que o PSD participou. É o caso da revisão constitucional de 1982 (em que será o próprio Pinto Balsemão a fazer), a adesão de Portugal à CEE, a introdução do IRS e do IRC, o novo regime de crédito à habitação, os novos desafios da segurança social, o mercado laboral ou os novos desafios do Estado Social.

No programa, que tem um símbolo para as comemorações, a seta do PSD mudou de laranja para vermelho, mas Pinto Balsemão admitiu haver uma "preocupação clara em enfatizar os valores [da social-democracia] que estão na origem do PSD".

No dia 6 de Maio, que marca o anúncio da criação do partido, está marcado uma sessão de homenagem a militantes de sempre. Mas o programa inicia-se já no próximo domingo para assinalar a revolta das Caldas.

Outras iniciativas estão previstas para assinalar o 25 de Abril promovidas pelo Governou e pela Assembleia da República.

No Parlamento, à tradicional sessão solene no plenário  – que se mantém – junta-se um ciclo de cinema sobre o 25 de Abril (durante todo o próximo mês), uma peça de teatro pela A Barraca (dia 30) e um concerto por Rodrigo Leão na escadaria principal do edifício. Já não estarão em exposição as chaimites da época (o Exército alegou ser muito caro), mas será possível visitar a recriação do posto de comando do Movimento das Forças Armadas, que será levado para o Palácio de São Bento. Está ainda previsto uma exposição sobre o nascimento da democracia e uma conferência sobre os novos paradigmas do futuro.

Como ainda estão a ser acertados os detalhes logísticos da operação das comemorações ainda não há orçamento fechado. O Governo, por seu turno, pensa gastar perto de 300 mil euros num programa que prevê um concerto transmitido em directo pela RTP, com canções relacionadas com o 25 de Abril de 1974, e uma exposição na perspectiva do design. Mais inovadora é a proposta de criar roteiros de visitas a locais emblemáticos da revolução, que serão acompanhadas por personalidades que viveram os acontecimentos do dia e por historiadores. As histórias vivas, de pessoas comuns, vão sair das memórias e dos círculos de amigos e passar para a rádio (TSF e Antena 1), dramatizadas pela voz de actores.

As comemorações dos 40 anos do 25 de Abril estendem-se a muitas outras entidades. Para ninguém se perder na profusão de iniciativas, o Governo comprometeu-se a criar um site que reunirá todas as acções oficiais e não oficiais. 

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