PS-Leiria acusado de convocar “eleições ilegais” para a concelhia de Pedrogão Grande

Distrital, presidida pela deputado João Paulo Pedrosa, ignora disponibilidade do número dois da concelhia e adverte-o que tem de pagar rendas atrasadas no valor de três mil euros.

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Nova polémica nas eleições do PS

Está instalada a confusão na concelhia socialista de Pedrógão Grande. O presidente da distrital do PS de Leiria, João Paulo Pedrosa, decidiu convocar eleições para o órgão concelhio na sequência do processo de expulsão do até agora líder, Diogo Coelho, apesar de o número dois da lista, Nélson Fernandes, se mostrar disponível para assumir o lugar.

Os estatutos do PS são claros nesta matéria e a própria distrital o reconhece na informação enviada a Nélson Fernandes, alegando que o lugar deve ser por si ocupado.

Paulo Pedrosa alega, no entanto, que o número dois da lista não respondeu nem aos emails nem à carta registada que lhe foi enviada e, por isso, marcou eleições. “Ele bloqueou o processo”, diz.

Ao PÚBLICO, Nélson Fernandes argumenta que esteve ausente na Madeira numa acção inspectiva (é funcionário do Instituto de Soldadura e Qualidade) e diz que o facto de estar ausente da sua residência não pode ser utilizada para o afastarem da liderança. O militante mostra emails trocados com a distrital, com conhecimento do presidente, nos quais desmente ter mostrado indisponibilidade para assumir a liderança da concelhia.

“Por motivos profissionais estive ausente do continente e só agora [dia 3 de Agosto] pude debruçar-me sobre o assunto”, justifica o militante, em resposta a Alzira Henriques, secretária federativa para a organização da federação distrital do PS de Leiria.

Nos emails, Alzira Henriques apela a Fernandes para informar a distrital sobre “o preenchimento da vacatura do lugar de presidente da comissão política de Pedrogão Grande, de acordo com os estatutos do Partido Socialista”. “Sendo seu dever, na qualidade de número dois da lista vencedora, assumir o cargo, tal dever está no entanto, dependente da sua vontade pelo que, deverá informar a federação distrital de Leiria do PS o mais brevemente possível qual a sua decisão e de que forma pretende liquidar as dívidas assumidas pela concelhia de Pedrógão Grande relativas a rendas de instalações, em pagamento desde 2012”, escreve.

Num email anterior, a dirigente advertia Nelson Fernandes que “o valor da dívida é bastante alto, uma vez que segundo o que vem sendo exigido corresponde a rendas dos anos de 2012, 2013 e 2014, até à actualidades, no montante global de três mil euros, razão pela qual lhe solicito que, o mais breve possível providencie pelo pagamento da verba em dívida”. A nota electrónica termina desta forma: ”O momento que se vive no Partido Socialista é muito exigente, pelo que o tempo urge na resolução deste diferendo com o proprietário das instalações em causa”.

Na resposta, Nélson Fernandes informa a distrital que falou com Diogo Coelho e que este o “informou que continua a desempenhar funções de coordenador concelhio do PS de Pedrogão Grande” e sugere que contactem o número um da lista para qualquer assunto relativo à concelhia.

No dia imediatamente a seguir, Alzira Henriques envia um email ao presidente da distrital informando-o da decisão do número dois de Diogo Coelho. “Aqui está a resposta do número dois, camarada Nelson Fernandes da concelhia de Pedrogão Grande. Pelo texto que ele me envia em resposta declina qualquer responsabilidade com a concelhia encaminhando o assunto para o ex-camarada Diogo Coelho (…)”. “Assim, nada mais me resta senão reunir, o mais breve possível, o secretariado da federação para a adopção das decisões que forem entendidas ser as correctas para a defesa dos interesses do PS”.

Nelson Fernandes assumiu, entretanto, a liderança da concelhia e diz que as eleições para aquele órgão, marcadas para 5 de Setembro, “são ilegais". 

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