PSD indica Luís Filipe Pereira para o Conselho Económico e Social

Ex-ministro da Saúde será o sucessor de Silva Peneda, mas apenas temporariamente. O compromisso com o PS é que o futuro governo possa fazer uma nova escolha.

Foto
O PSD quer manter Luís Filipe Pereira no cargo

Luís Filipe Pereira foi o nome indicado pelo PSD para suceder a José Silva Peneda na presidência do Conselho Económico e Social (CES). A proposta deu entrada nesta quarta-feira na Assembleia da República (AR) e será votada na próxima sexta-feira, dia 15.

O nome de Luís Filipe Pereira fazia parte de uma lista que incluía vários outros e que foi apresentada ao PS apenas para seu conhecimento, e não como negociação. Os socialistas aceitaram essa lista sem fazerem qualquer reparo (nem sugestões para a alargar). Mas a sua aquiescência, apurou o PÚBLICO, foi dada sob a premissa de esta eleição se destinar exclusivamente a terminar o mandato de Silva Peneda, devendo, assim, limitar-se a ser um presidente do CES de curto prazo. 

Luís Filipe Pereira tem 70 anos, foi secretário de Estado da Segurança Social e da Energia nos executivos de Cavaco Silva e ex-ministro da Saúde de Durão Barroso (e posteriormente de Santana Lopes). É professor convidado do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa.

Licenciado em Economia, ao longo dos anos desempenhou funções de gestão em diversas empresas. Foi administrador da Quimigal e do Banco Mello e passou também pelo conselho de administração da EDP, onde foi vice-presidente.Também exerceu a liderança executiva da Adubos de Portugal e da CUF, do grupo José de Mello, bem como da Efacec (onde o grupo José de Mello detém metade do capital). 

Luís Filipe Pereira foi ainda membro da Comissão do Livro Branco para a Reforma da Segurança Social e presidente da Associação Portuguesa dos Industriais Grandes Consumidores de Energia Eléctrica.

Nas crónicas que tem publicado no Diário Económico, não tem poupado críticas à actuação do actual Governo. No final do ano passado, por exemplo, assinava um texto em que referia que “apesar dos esforços feitos nos últimos anos e que acarretaram pesados sacrifícios para a população”, o país continua a enfrentar “grandes problemas”, elencando “o endividamento público e o desemprego que continuam em níveis muito elevados” e um crescimento económico “baixo e insuficiente para gerar a criação de emprego de forma significativa”.

Mais recentemente, debruçou-se sobre a polémica da lista VIP, considerando, num artigo de opinião publicado em Abril, que o Governo deixou-se “arrastar para a polémica”.

Elogios de empresários e representantes do comércio
Antes de se conhecer um nome, o presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva tinha defendido que devia ser uma personalidade isenta a presidir ao CES. Agora mostra-se satisfeito com o nome de Luís Filipe Pereira, defendendo que, “independentemente” de ter sido ministro da Saúde em governos PSD, tem “dado provas” de ter um espírito “crítico” e de manter “o rigor e a isenção”. Refere-se, entre outras situações, às posições que tem veiculado na imprensa.

“É um bom nome, conheço perfeitamente, conheço o seu percurso, as suas qualidades, fará um excelente lugar”, defendeu António Saraiva ao PÚBLICO, elogiando o trabalho de Luís Filipe Pereira, tanto “na área pública, como privada”.

Apesar de ressalvar que não conhece, a não ser como figura pública, nem nunca se cruzou com Luís Filipe Pereira, o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, João Vieira Lopes, acredita que é alguém “capaz de encontrar as soluções equilibradas” exigidas pelo lugar.

“A ideia que tenho é que é uma pessoa ponderada, com muita capacidade de gestão. Temos uma expectativa positiva. Uma pessoa que tenha uma experiência de gestão, por vezes complicada, em sectores diversos, será capaz de encontrar as soluções equilibradas”, diz, destacando as diferentes áreas em que Luís Filipe Pereira tem experiência profissional.

João Vieira Lopes faz, no entanto, questão de lembrar que Luís Filipe Pereira só deverá estar à frente do CES até ao fim da legislatura: “É uma situação transitória. E não é um período que se preveja muito complicado."

Já o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, prefere não se pronunciar sobre um nome que não conhece. Ressalvando que não tem “nada a favor nem contra” Luís Filipe Pereira, espera apenas que o nome indicado para suceder a Silva Peneda mantenha o CES no mesmo "patamar" e "seja um homem do diálogo social".

O PÚBLICO tentou ainda ouvir o secretário-geral da CGTP, mas sem sucesso.

   


Sugerir correcção
Comentar