PSD e CDS separados nas eleições beneficia PS, diz sondagem
Estudo de opinião mostra que a direita consegue mais deputados se concorrer coligada, mas fica em empate técnico com os socialistas.
Se as legislativas se realizassem agora, PSD e CDS conseguiam mais deputados se concorressem em coligação do que se forem separados às urnas. Mas ficariam empatados com o PS. Se a direita fosse a votos separada, os socialistas ganhavam, aponta um estudo de opinião da Eurosondagem.
De acordo com a sondagem divulgada neste sábado pelo Expresso e pela SIC, o cenário mais vantajoso para a direita é a coligação. Nesse caso, o PS poderia chegar aos 37,5% dos votos, enquanto PSD/CDS conseguiriam 35%. Os socialistas sentariam na Assembleia da República entre 100 e 105 deputados, ao passo que a direita teria entre 98 a 103.
Mas se os agora irmãos de Governo preferissem submeter-se à avaliação dos eleitores com listas independentes, então os sociais-democratas (27,8%) elegeriam entre 78 a 87 parlamentares, enquanto o CDS-PP (7,7%) estaria entre os 13 e 17. O PS, em tal cenário, segundo a sondagem, não sofreria grande alteração: com 36,5% poderia eleger entre 99 e 105 deputados.
Apesar de em termos percentuais os dois cenários mostrarem valores muito aproximados seja em coligação ou para o PSD e CDS em separado, a diferença acaba por ser ditada pelo rácio de deputados atribuídos nos distritos mais populosos. Números que acabam por ser mais favoráveis à direita em coligação.
Carlos César, presidente do PS, considera os resultados desta sondagem uma “má notícia” para a direita. "O que é verdadeiramente inexplicável é como é que um Governo que tem maioria absoluta e venceu as últimas eleições com maioria absoluta está agora a perder", o responsável socialista, citado pelo Lusa, à margem do encontro de autarcas socialistas que decorre neste sábado em Santarém.
A sondagem também revela, afirma Carlos César, que a direita está "praticamente totalizada em Portugal no PSD e no CDS" situando todo o restante eleitorado nos partidos à esquerda, o que, no seu entender, numa lógica de voto útil, jogará a favor do PS "ou de outros que possam ajudar" o partido a liderar uma alternativa. "Esta sondagem não é uma má notícia para a esquerda é sim para a direita", argumenta.
Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, deixa este sábado a porta aberta a uma solução de Governo de bloco central com o PS numa entrevista ao Expresso, mas também afirma que irá "procurar que a experiência destes quatro anos em conjunto com o CDS possa prosseguir". E diz ter a expectativa de conseguir uma maioria absoluta. Os dois partidos vão esclarecer "dentro de pouco tempo" qual a "fórmula política" que vão usar no próximo desafio eleitoral, promete.
Litoral Centro e Norte faz a diferença
A diferença nos resultados da direita entre os dois cenários está sobretudo nos distritos do litoral Centro e Norte onde, na hipótese de existir uma coligação, esta consegue mais deputados do que quando PSD e CDS concorrem em separado.
De acordo com os mapas disponibilizados pelo Expresso, o cenário é mais favorável à direita coligada nos distritos de Braga, Vila Real, Castelo Branco, Coimbra, Porto, Aveiro, Lisboa e Setúbal.
Caso não houvesse coligação, a CDU seria a terceira força mais votada (10%) e poderia eleger entre 20 a 21 deputados, ao passo que o BE (4,4%) poderia ter quatro a seis. O PDR de Marinho e Pinto (2,7%) e o Livre de Rui Tavares (2,3%) elegeriam, cada um, dois a três parlamentares.
No cenário da coligação, o terceiro lugar da CDU (9,6%) permitia-lhe entre 18 e 21 cadeiras no Parlamento, quatro ao Bloco (4,2%), duas ao PDR (2,5%) e uma a duas ao Livre (2,1%).
A sondagem foi realizada pela Eurosondagem entre 18 e 25 de Fevereiro, com 1515 entrevistas validadas, realizadas através de telefone fixo, em Portugal continental e nas regiões autónomas dos Açores e Madeira. O erro máximo da amostra é de 2,52% para um grau de probabilidade de 95%, indica a empresa.