PSD e CDS apontam economia como o maior falhanço do Governo

Desilusão e declínio foram algumas palavras usadas por Passos Coelho e Assunção Cristas para qualificar os seis meses de governação PS

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Passos Coelho, líder do PSD Martin Henrik

Vários indicadores económicos serviram como arma de arremesso do PSD e do CDS para criticar os seis meses de governação de António Costa, apoiado pelo PCP, BE e PEV. O líder do social-democrata somou ainda a “arrogância” com que o primeiro-ministro exerce o poder, enquanto a presidente do CDS apontou as “desautorizações” ao ministro das Finanças ou a inacção ao ministro da Economia.

No balanço dos primeiros seis meses de Governo PS, Pedro Passos Coelho e Assunção Cristas partilharam a mesma visão negativa da economia em resultado da degradação de vários indicadores como é o caso das exportações ou do desemprego. “A governação tem sido uma grande desilusão. O Governo não cumpriu com nada com que prometeu – no emprego e no crescimento económico. Na nossa perspectiva falhou em toda a linha”, afirmou a líder do CDS, esta quinta-feira, em conferência de imprensa. Assunção Cristas comparou os números do primeiro trimestre deste ano com o cenário macro-económico apresentado pelo PS há cerca de um ano e com o programa eleitoral socialista para concluir que há “desilusão”.

Na véspera, também em conferência de imprensa, o líder do PSD usou outra palavra para qualificar o resultado da governação socialista: “declínio”. Não só “económico e social” como também “político”. Aos exemplos negativos dados por Assunção Cristas sobre a trajectória do desemprego, crescimento económico e exportações, Passos Coelho acrescentou outros indicadores como os do investimento e os das taxas de juro das obrigações portuguesas que reflectem já "desconfiança". 

Ambos os líderes apontaram as decisões de reversão de medidas tomadas pelo anterior Governo PSD/CDS como prejudiciais para a confiança dos investidores. Passos Coelho referiu-se a uma longa lista, na qual estavam os exemplos das concessões dos transportes, IRC, da lei do arrendamento, da reestrututração no sector das águas, da privatização da TAP e das 35 horas na função pública. A líder centrista preferiu salientar apenas três casos: o travão “a fundo” na reforma do IRC, a lei arrendamento e a as concessões aos privados dos transportes de Lisboa e Porto. Mas não se referiu à TAP.

Tanto Passos Coelho como Assunção Cristas quiseram sublinhar a colagem do Governo aos partidos mais à esquerda que o apoiam no Parlamento. O líder do PSD sustentou que António Costa governa à medida dos “equilíbrios e das exigências da sua base de apoio radical”, enquanto a líder centrista especifica que é a cedência à “agenda do PCP e do BE”. No “desnorte” do próprio Governo, Assunção Cristas referiu que o ministro das Finanças, Mário Centeno, é “desautorizado” pelo secretário de Estado, que o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, “não se sabe por onde anda” e que o ministro da Educação é “tutelado à Fenprof [sindicato de professores]”.

Passos Coelho mostrou ter outra perspectiva sobre a actuação do Governo: a de que se tem comportado com arrogância. Apesar de aparentar ter na mão a “bandeira do diálogo e da concertação”, o diálogo é “de fachada”, tendo em conta que o Governo está "refém" dos sindicatos, apontou. O líder social-democrata considerou haver uma “deterioração das condições democráticas” da vida política quando um primeiro-ministro “foge” às perguntas nos debates quinzenais ou quando não responde às perguntas sobre a sua intervenção nos negócios da banca privada.

Os balanços dos líderes do centro-direita sobre seis meses de governação socialista foram pontuados por algumas notas de humor. Passos Coelho gracejou ao assumir-se como um “realista irritante”, enquanto Assunção Cristas como ex-ministra da Agricultura assegurou já ter visto "muitas vacas" e que “as vacas não voam”. 

Relativamente ao prazo de validade até às autárquicas imposto ao Governo pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, Assunção Cristas repetiu o que Passos Coelho já tinha dito: "está pronta" para ir a eleições a qualquer momento. 

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