Inquérito aos Estaleiros de Viana divide partidos da maioria

Líder parlamentar do PSD quer, para já, realizar audições aprovadas, CDS está mais aberto à comissão de inquérito

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Luís Montenegro diz estar disponível para encontrar alternativas financeiras para proteger os rendimentos mais baixos

Luís Montenegro, líder da bancada do PSD, afasta para já a proposta de criação de uma comissão de inquérito aos estaleiros de Viana do Castelo, que o PCP deverá apresentar esta sexta-feira. O caso foi discutido na reunião da bancada social-democrata.

 "A comissão de Defesa aprovou um conjunto vasto de audições. Se no final das audições subsistirem dúvidas analisaremos a proposta", afirmou Montenegro aos jornalistas, esta quinta-feira, no final da reunião da bancada. "Até agora não há fundamento para o Parlamento criar um inquérito parlamentar", acrescentou. Uma posição que reflectiu o espírito das intervenções dos deputados do PSD na reunião da bancada desta quinta-feira, mas que não é idêntica à do CDS.

Os centristas estão mais abertos à criação de uma comissão de inquérito em torno do caso por considerarem que foi um governo  PSD/CDS que conseguiu resolver um problema deixado pelos governos socialistas. E porque consideram poder demonstrar a intervenção de Paulo Portas no dossier quando foi ministro da Defesa no governo liderado por Durão Barroso. Mas, para já, os centristas preferem não pronunciar-se sobre o sentido de voto sobre a proposta do PCP sem conhecer o texto que a fundamenta. Os sociais-democratas não parecem ter muitas dúvidas sobre a solução encontrada pelo ministro da Defesa Aguiar-Branco para os Estaleiros de Viana do Castelo, embora apontem algumas falhas de comunicação no processo.

Apesar da posição assumida pelo líder da bancada do PSD indicar um voto contra o inquérito parlamentar, o  PCP mantém a intenção de avançar com a proposta de criação de uma comissão de inquérito sobre a situação dos estaleiros de Viana do Castelo que vão ser subconcessionados à Martifer, o que implica o despedimento dos seus mais de 600 trabalhadores.

Na quarta-feira foram aprovadas, por proposta da maioria, as audições do presidente da EMPORDEF, actual conselho de administração dos Estaleiros, da comissão de trabalhadores, do magistrado do Ministério Publico que presidiu ao júri do concurso público que atribuiu a subconcessão e do presidente da Comissão Especial de Acompanhamento da Privatização, assim como dos ex-gestores dos ENVC desde 2000.

Luís Montenegro, no final da reunião da bancada, referiu que "o grupo parlamentar considerou que a solução encontrada acautela os interesses dos trabalhadores e mantém a construção naval ao invés do que aconteceria com a proposta do PS que implicava o encerramento dos Estaleiros". Responsabilizar o PS pela situação herdada e também o Governo regional dos Açores (socialista) por ter decidido recusar o navio Atlântida parece ser a linha de argumentação do PSD. Aliás, a direcção foi até criticada esta quinta-feira  pelo deputado Guilherme Silva (eleito pela Madeira) por não sublinhar devidamente a responsabilidade socialista na situação da empresa.

 
 
 
 
 
 
 

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