PSD aponta perfil de estadista para candidato a Belém

Nuno Melo, do CDS, dá apoio pessoal a Rui Rio. Isto depois de Pires de Lima e Nuno Magalhães terem manifestado a preferência por Marcelo Rebelo de Sousa.

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O candidato da direita a Belém ainda está longe de estar decidido

Depois de duas figuras do CDS terem apontado Marcelo Rebelo de Sousa como um bom candidato a Belém, o vice-presidente Nuno Melo dá apoio pessoal a Rui Rio. Dois nomes que a direcção do PSD olha de forma distante. O perfil do candidato às presidenciais de 2016 tem de ser o de um estadista, segundo os sociais-democratas.

“Não pode ser uma pessoa que tenha pactuado com os branqueamentos que aconteceram nos últimos 30 anos”, disse ao PÚBLICO uma fonte do PSD. Um candidato que “esteja acima das suas ambições pessoais”, acrescenta a mesma fonte.

Nos dois partidos, o tema das presidenciais ainda é tabu oficialmente. Só entrará na agenda quando for discutida a coligação pré-eleitoral e isso, já é certo, só será em 2015. Até lá, os dirigentes do CDS não se coíbem de dar sinais públicos de apoio a este ou aquele potencial candidato. Mas o líder, Paulo Portas, continua em silêncio.

Nuno Melo, que é vice-presidente do CDS com a tutela das relações institucionais, assume ter “admiração pessoal e política” por Rui Rio e por isso expressa o seu apoio, caso o ex-autarca avance para Belém. Uma opinião que remete para a esfera pessoal, até porque as candidaturas à Presidente da República são pessoais.

A mesma reserva foi declarada por António Pires de Lima, ministro da Economia, e que formalmente não tem cargos no partido, e por Nuno Magalhães, líder da bancada centrista, quando há algumas semanas elegeram Marcelo Rebelo de Sousa, ex-presidente do PSD, como um bom candidato a Belém. Pires de Lima justificou a escolha com uma certa dose de pragmatismo, ao dizer que o comentador político é o que tem melhores condições para ganhar as eleições.

Mas o nome de Marcelo Rebelo de Sousa anda longe das prioridades do PSD para Belém. No último congresso do partido, a moção de Passos Coelho excluía do perfil de candidato quem fosse um “protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político”. Uma mensagem que foi entendida como um veto a Marcelo Rebelo de Sousa.

Na moção, o presidente do PSD defendeu que “o Presidente deve comportar-se mais como um árbitro ou moderador, movendo-se no respeito pelo papel dos partidos mas acima do plano dos partidos”.

Já a moção de Paulo Portas, no congresso do início deste ano, era omissa sobre as presidenciais. E já dava um sinal sobre a coligação pré-legislativas. Para já, o dossier fica adiado até ao pós-orçamento, o que significa que só será retomado em 2015.

Até lá, a coligação PSD/CDS ainda terá de passar pela prova do Orçamento do Estado, que será um teste de resistência à pressão em torno dos impostos. Ainda esta sexta-feira, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (do CDS), Paulo Núncio, defendeu que o projecto de reforma do IRS é “o início do desagravamento fiscal sobre as famílias”.

Na mesma conferência de imprensa, a ministra das Finanças (PSD), sublinhou que as metas do défice são “substancialmente exigentes” e que a margem para reduzir impostos depende da capacidade de cortar despesa . Duas perspectivas dificilmente conciliáveis. Já sem contar com a necessidade de acomodar potenciais chumbos do Tribunal Constitucional.

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