PS vira-se para Vitorino, mas não confirma desistência de Guterres

Líder do PS diz ao PÚBLICO que só António Guterres pode esclarecer se é ou não candidato à Presidência da República.

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António Vitorino Foto: Enric Vives-Rubio

O secretário-geral do PS terá de tentar convencer o ex-comissário europeu, António Vitorino, a protagonizar uma candidatura presidencial em 2016, porque “muito dificilmente” António Guterres estará disponível para avançar para a Presidência da República e António Costa já sabe desta indisponibilidade. Se assim for, isto significa que Guterres desiste de vez de retomar a carreira política em Portugal.

O PÚBLICO contactou neste sábado António Costa no sentido de confirmar a informação de que a direcção do partido já fora informada da decisão do ex-líder do partido. O actual líder do PS respondeu assim: "Só António Guterres pode dizer se é ou não candidato. Nós não confirmamos, desmentimos ou comentamos conversas que – a existirem - sempre seriam particulares”.

O semanário Expresso noticiou este sábado que António Guterres já comunicou à direcção do PS que não está disponível para se candidatar às eleições presidenciais que devem ocorrer em Janeiro do próximo ano. A decisão - adianta o semanário – está tomada, independentemente de Guterres tentar ou não disputar o cargo de secretário-geral das Nações Unidas. Mas já na terça-feira a TVI adiantava que o ex-primeiro-ministro informara o secretário-geral do PS para não contar com ele para a corrida às presidenciais. O alto-comissário para os Refugiados da ONU quer apostar numa carreira internacional e, por isso, pretende concentrar-se na candidatura a secretário-geral da ONU.

Ao que foi possível apurar, a questão das presidenciais fora abordada na última reunião do secretariado nacional do PS, que decorreu faz esta segunda-feira quinze dias e, nessa altura, Costa referiu-se a António Guterres como potencial candidato presidencial.

Fontes socialistas contactadas pelo PÚBLICO afirmam haver “muita especulação” à volta da candidatura presidencial do alto-comissário para os Refugiados da ONU, mas também dizem que, se ele não queria ser candidato, deveria ter morto o assunto quando anunciou que o seu mandato seria prolongado até Dezembro de 2015 e fez uma declaração formal alimentando a ideia de que ainda assim estava disponível para as presidenciais. “Independentemente da interpretação que vingar, eu sou sempre livre de decidir a minha vida. Tudo isto é, portanto, muita parra e pouca uva”, declarou então Guterres.

“Como é que alguém que teve uma carreira política como Guterres teve vira as costas a uma oportunidade que o colocaria na Presidência da República, uma vez que todas as sondagens lhe dão a vitória em qualquer dos cenários com os candidatos da direita?", questionou a fonte socialista. “Acho que é quase impossível que ele não queira ser Presidente da República”, acrescentou.

Embora António Vitorino seja considerado uma “boa solução”, no PS há quem afirme que o ex-comissário europeu não reúne o mesmo nível de consenso obtido por Guterres, que garantia a vitória ao PS. “No PS nunca houve um nome consensual à Presidência da República, nem Mário Soares, nem Jorge Sampaio e muito menos Manuel Alegre”, disse um ex-dirigente nacional do PS.

Embora para a direcção do PS as presidenciais não sejam uma prioridade, a verdade é que o tema vai manter-se na agenda socialista, devido ao alegado recuo de António Guterres. Com esta escolha, os socialistas tinham a vitória assegurada, mas tinham mais do que isso. Tinham a garantia de que as eleições legislativas não seriam inquinadas por causa das presidenciais. Já a pensar numa solução, Costa reuniu-se na quarta-feira com António Vitorino, que estará a ser pressionado para se candidatar.

Seja como for, as presidenciais regressarão à reunião do secretariado nacional do PS, marcada para esta segunda-feira.

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