PS deverá defender manutenção da TAP pública

A moção de Costa ao Congresso do PS irá precisar os contornos das posições que serão depois vertidos para o programa eleitoral e ai desenvolvidos. O que fazer com as privatizações é um dos temas.

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Paralisação é contra projecto do "Céu Único Europeu" Nelson Garrido

Defender a capitalização privada sem que o Estado perca a posse de 51% da empresa deverá ser a posição da direcção do PS, liderada por António Costa, em relação às empresas estatais que venham a ser privatizadas, nomeadamente a TAP.

A posição sobre privatizações deverá ficar estabelecida na moção de António Costa ao Congresso de 29 e 30 de Novembro, que tornará mais explícitos e concretos os enunciados da Agenda para a Década e que será desenvolvida posteriormente e transformada em programa eleitoral e de Governo.

A posição do PS sobre o que fazer com a TAP é um dos pilares de estruturação da posição sobre privatizações e está a ser ponderada pelo núcleo de conselheiros de António Costa, no âmbito da preparação da moção que será divulgada na apresentação da sua candidatura a secretário-geral, a 6 de Novembro.

A discussão sobre este tema ainda não está fechada, mas a defesa da manutenção de uma percentagem maioritária de acções na mão do Estado é determinada pelo que tem sido o exemplo recente da Portugal Telecom. Ou seja, o risco de uma empresa que opera num sector estratégico da economia e da sociedade portuguesas vir a ser privatizada e terminar por ser descapitalizada da forma como se tem verificado com a PT.

O  desbaratamento de uma empresa como a TAP preocupa vários dos socialistas que apoiam António Costa e que vão formar a sua futura direcção. Para mais quando consideram que a TAP é uma empresa com futuro e com sucesso. Frisam que as taxas de rendimento da TAP estão acima das das suas congéneres e que o facto de haver actualmente um problema de capitalização e a necessidade de garantir investimentos não põe em causa a viabilidade e o sucesso futuro da empresa.

A consensualização em torno desta posição na actual fase da vida portuguesa, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, estende-se mesmo a sectores que não integram o PS. Como exemplo, destaca-se a posição assumida por Manuela Ferreira Leite, antiga presidente do PSD, que manifestou dúvidas sobre a privatização integral da TAP, depois da crise com a PT.

A posição do PS em relação à TAP sofrerá, assim, uma alteração em relação ao que foi defendido pelo anterior secretário-geral, António José Seguro, que defendeu a manutenção da maioria de 51% do capital da empresa no Estado, mas transformando esta numa companhia de bandeira dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.

Esta ideia de uma companhia de bandeira de vários países não colhe junto da futura direcção do PS. Em causa está a defesa de que o Estado deve poder determinar os destinos de uma companhia que é estratégica. De resto, sublinham que a capitalização da empresa deve ser feita segundo as regras normais do mercado, em bolsa.

A nova posição do PS sobre TAP não está ainda oficializada e não deverá ser, assim, assumida pelo grupo parlamentar no debate desta quarta-feira que decorre em hemiciclo agendado pelo Bloco de Esquerda que apresenta um projecto de resolução que ”recusa a privatização da TAP”.

 

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