PS pede explicações sobre dívida de Gaia a Marco António Costa e este diz-se alvo de "ataque"

Socialistas consideram que, a confirmar-se a dívida de 300 milhões de euros divulgada neste domingo pelo Diário de Notícias, Marco António Costa é "um dos pais desta criança".

Foto
Marco António Costa saiu da vice-presidência da Câmara de Gaia, liderada por Luís Filipe Menezes, em 2011 Fernando Veludo/NFACTOS

O antigo vice-presidente da Câmara de Gaia, Marco António Costa, disse este domingo estar a ser alvo de um "ataque" por parte do PS, que considera o também porta-voz do PSD co-responsável pelas dívidas de 300 milhões de euros daquela autarquia, porque os socialistas tiveram "uma semana particularmente difícil para o seu líder".

Marco António Costa reagia desta maneira às acusações do secretário nacional do Partido Socialista (PS), António Galamba, que o considerou um dos responsáveis pela dívida da Câmara de Gaia e pediu explicações sobre o tema.

O Diário de Notícias publicou um trabalho sobre a situação financeira da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia com o título "Gaia em risco de falência com dívida próxima dos 300 milhões", referindo que o município é o segundo "mais endividado do país, só batido por Lisboa". Também este domingo, o PÚBLICO noticia que a intenção, anunciada na campanha eleitoral pelo então candidato socialista, Eduardo Vítor Rodrigues, de levar a cabo a auditoria externa às contas da câmara, está suspensa à espera que o Tribunal de Contas termine a inspecção que está a fazer às finanças da autarquia gaiense.

Questionado sobre a dívida, Marco António Costa escusou-se a fazer comentários mas preferiu apontar a "circunstância curiosa" de três anos depois de ter saído da Câmara de Gaia e de "já não ser notícia o assunto financeiro" da autarquia, porque "tem sido recorrentemente tratado", o PS, "numa semana particularmente difícil para o seu líder, venha com este tipo de ataques ao porta-voz do PSD".

E acrescentou: "Só me apetece dizer uma única coisa: é verdade que o PS tem graves problemas com os Costas, mas eu julgo que está a falar com o Costa errado. Não é com o Marco António Costa que tem problemas, que procure os seus problemas e a solução para os seus problemas no outro Costa que não sou eu."

"Verificámos hoje que a Câmara Municipal de Gaia está à beira da falência e tem uma dívida de 300 milhões de euros. Perante o que temos assistido nos últimos dias, sobretudo do dr. Marco António, percebemos bem porque é que ele tem falado sobre bancarrota e sobre políticas antigas. Porque de facto ele é um dos rostos responsáveis por esta situação e era bom que desse explicações ao país", tinha afirmado António Galamba.

O PS considerou este comportamento "inaceitável " e sublinhou que, sendo Marco António Costa (que deixou a Câmara de Gaia em 2011) "um dos pais desta criança de 300 milhões de dívida” na Câmara de Gaia, “não tem autoridade moral para vir falar sobre o país e lançar permanentes reptos em relação ao PS quando depois na Assembleia [da República] a prática dos deputados é chumbarem as propostas do PS".

Em Novembro do ano passado, o novo presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues (PS), disse que as dívidas da autarquia colocavam-na numa "situação penalizadora e difícil", tendo encerrado o primeiro semestre de 2013 com 232 milhões de dívida. No mês seguinte, Eduardo Vítor Rodrigues afirmava que, em Janeiro, se iria reunir com o Ministério das Finanças para discutir o "peso" das dívidas da autarquia, mostrando-se preocupado com a "solvência" do município.

O facto de o autarca não ter ainda pedido uma auditoria externa, como prometeu durante a campanha eleitoral, levou alguns partidos da oposição a acusá-lo de ter mudado de ideias. “Eu não mudei de opinião. Está a decorrer desde Maio de 2013 uma auditoria promovida pelo TC que substitui com vantagens óbvias qualquer auditoria encomendada pelo executivo”, disse o autarca ao PÚBLICO. A inspecção do TC começou por ser de rotina, como nas principais câmaras mais endividadas do país, e entretanto intensificou-se em Novembro.

Sugerir correcção
Comentar