PS escreve à troika para dizer que Portugal “está na direcção errada”

O país está num labirinto e só a renegociação do memorando pode salvá-lo da situação de pré-ruptura social, argumenta António José Seguro na missiva dirigida à troika.

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Carta foi enviada à troika nesta quarta-feira Rui Gaudêncio

O PS esperou pelo dia da moção de censura para enviar a carta, anunciada há cerca de duas semanas, às três instituições da troika (BCE, FMI e Comissão Europeia). Na missiva, o PS discorda das conclusões da sétima avaliação e pede a renegociação do programa de ajustamento.

“O meu país está na direcção errada, está a empobrecer a cada dia que passa, os sacrifícios sobre as pessoas são exagerados e os resultados não surgem”, escreve António José Seguro na missiva enviada nesta quarta-feira ao Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu.

“Só uma nova política (crescimento económico e disciplina orçamental) executada por um novo Governo (com forte apoio popular e legitimado democraticamente) poderão retirar o meu país do labirinto em que está metido”, escreve o líder socialista, dizendo que o PS “expressa o novo consenso nacional que emerge em Portugal”.

Sem pôr em causa a “necessidade de rigor e de disciplina orçamental”, Seguro questiona sim “a estratégia escolhida pelo Governo e pela troika, a da austeridade”, que diz não atingir os objectivos propostos mas antes está a criar “uma situação de pré-ruptura social e a destruir o aparelho produtivo nacional”.  

Embora repita, por duas vezes, que o PS honra os compromissos assumidos e quer cumpri-los, Seguro deixa claro que defende a renegociação das condições de ajustamento. “Digo e repito: renegociar as condições de ajustamento com metas e prazos reais; do alargamento dos prazos de pagamento e parte da dívida pública; do diferimento do pagamento dos juros dos empréstimos obtidos; dos juros a pagar pelos empréstimos e do reembolso dos lucros obtidos pelo Banco Central Europeu pelas operações da compra da dívida soberana”.

Usando os mesmos termos e argumentos que estão na base da moção de censura que esteve em discussão no Parlamento, António José Seguro afirma ainda que, “para o PS, estar sob assistência financeira nunca significou submissão”. E por isso assume “com igual frontalidade a oposição à vossa estratégia de ajustamento, baseada na austeridade e no empobrecimento, que nos persistem em impor com a aquiescência dócil do Governo” português.
 

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