PS, PCP e BE acusam Governo de fracassar no controlo do défice

Défice orçamental nos primeiros três trimestres do ano atingiu os 5,6% do Produto Interno Bruto. Dados divulgados nesta sexta-feira pelo INE.

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Bernardino Soares diz que dados do INE confirmam que o défice dimunui menos do que é cortado nos salários Daniel Rocha

O PS defendeu que os números do INE divulgados nesta sexta-feira “confirmam o fracasso” das políticas de “super austeridade” do Governo. PCP diz que a corrida ao défice é feita com sacrifício dos salários e com recurso às privatizações, como a da ANA. Já o BE, fala em sacrifícios inúteis.

“Os números que acabámos de conhecer por parte do INE revelam e confirmam o fracasso do Governo no controlo do défice. As contas validadas pelo INE apontam para um défice de 5,6%, estamos a falar de um resultado muito longe daquele que o Governo se propôs alcançar, que era de 4,5% no final de 2012”, afirmou o deputado socialista Nuno Sá, no Parlamento.

O défice orçamental nos primeiros três trimestres do ano atingiu os 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB), de quase sete mil milhões de euros, valores em contabilidade nacional, a que conta para Bruxelas, indicou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).

“As políticas seguidas pelo Governo PSD/CDS-PP de super austeridade têm tido efeitos devastadores do ponto de vista económico e social, portanto, não há um controlo do défice, que ainda agrava toda a situação que o país vive. É o falhanço absoluto deste Governo”, sustentou.

Nuno Sá apontou para os “dois aspectos da contabilidade nacional em que se verifica redução de despesa: redução de despesa com pessoal e redução do investimento”.

“A redução de despesa com o pessoal é decorrente dos cortes nos subsídios que o Governo fez e o corte do investimento público em cerca de dois mil milhões de euros resulta de um corte profundo de 50 % no investimento público relativamente ao período homólogo”, afirmou.

“Este caminho de austeridade, de cortes naquilo que são os subsídios dos trabalhadores portugueses e de cortes no investimento público, provocando mais recessão e mais queda da nossa economia, não resolvem o problema do défice”, considerou.

O deputado socialista argumentou ainda que, ao contrário do que defenderam PSD e CDS enquanto estavam na oposição, de que era possível consolidar as contas públicas nacionais sobretudo por via dos cortes nos consumos intermédios, estes consumos “cresceram 70 milhões de euros, 1,3%”.

Já o PCP defendeu que os números do INE demonstram que a política do Executivo “agrava o desemprego e a recessão” sem resolver o défice, cuja diminuição abaixo das previsões governamentais é sustentada numa “fortíssima diminuição dos salários”.

“Confirma-se que esta política do Governo agrava o desemprego e a recessão e, em simultâneo, nem resolve um dos problemas que afirmava querer resolver, o problema do défice”, afirmou o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares.

“No último trimestre do ano passado, o Governo incorporou receitas dos fundos de pensões da banca no valor de cerca de três mil milhões de euros, que não se vão repetir e, portanto, este valor hoje divulgado significa que o défice vai ficar muito acima daquilo que o Governo previa”, afirmou Bernardino Soares.

“E apesar de tudo, [o défice] é ainda sustentado com uma fortíssima diminuição dos salários dos trabalhadores da administração pública, nomeadamente com o corte dos subsídios. O INE comprova que o corte de subsídios nem sequer é igual àquilo em que diminui o défice. Isto é, o défice diminui menos do que aquilo que é cortado nos salários dos trabalhadores”, argumentou.

Por outro lado, o PCP aponta para um “corte de 50% na despesa com investimento”, que considera necessário numa altura em que “a economia se afunda” numa crise económica e financeira que deixa muitos trabalhadores no desemprego.

“Esta corrida ao défice, que não tem sucesso, é feita à custa dos salários, à custa da economia e até à custa privatização de uma empresa estratégica como é a ANA [Aeroportos de Portugal], que nos vai faltar durante muitos anos para funções essenciais de soberania e também para receitas que todos os anos entravam para o Orçamento do Estado e que deixam de entrar porque vão passar a ser lucros do privado que a comprou”, sustentou.

Também a coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu hoje que os dados do INE demonstram a completa inutilidade dos sacrifícios que estão a ser feitos pelos portugueses, ao mesmo tempo que aumenta a di^stância para o cumprimento das metas orçamentais. “Este Governo tem sido incapaz de cumprir qualquer das metas a que se propõe, em três dias não vai acontecer nenhum milagre com certeza e, portanto, os sacrifícios que foram pedidos aos portugueses em nome do equilíbrio das contas públicas são completamente inúteis”, afirmou a coordenadora Catarina Martins.

“Aquilo que hoje todos estão a pensar é que se não merecíamos ter um Natal assim, não merecíamos estar a ter um ano assim, não merecemos, com certeza, este Governo”, acrescentou a líder bloquista. 

 

 


 
 

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