PS e Governo divergem sobre mudanças diplomáticas

Rotação de embaixadores foi comunicada ao secretário-geral dos socialistas

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Ferro Rodrigues: “Já pouca coisa nos deixa perplexos nas várias análises que o Governo faz" Enric Vives-Rubio

No debate quinzenal, a alteração de postos da diplomacia portuguesa, conhecida como movimento diplomático, foi tema de confronto político entre a bancada socialista e o Governo.

Ferro Rodrigues, líder parlamentar do PS, criticou a política de “terra queimada” do executivo em final de mandato e considerou “vergonhoso” o recente movimento diplomático e acusou o executivo de querer controlar a diplomacia económica.

Em resposta, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho pegou no tablet para enumerar as alterações verificadas nas delegações diplomáticas desde 1999, para mostrar que as recentes 21 nomeações estão dentro dos números normais, incluindo em anos de eleições. E referiu que as mudanças agora programadas tinham sido comunicadas ao secretário-geral dos socialistas, António Costa.

Passos Coelho referiu-se, concretamente, a 20 alterações nos postos diplomáticos em 2000, de 25 mudanças em 2001, outras 17 em 2006 e, finalmente, 21 em 2008. O primeiro-ministro vinha preparado em estes elementos, depois de uma notícia publicada na edição desta quarta-feira do Diário Económico.

Segundo a notícia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) está a ultimar, a cinco meses das eleições, uma rotação do corpo diplomático em 13 postos. Destes, quatro – Luanda, Berlim, Washington e a Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER) – são considerados cimeiros na estratégia diplomática portuguesa.

Paras os socialistas este movimento não se justifica. “Havendo um ciclo político tão próximo, o PS insurge-se contra a escala adas mudanças”, disse ao Diário Económico o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto”, presidente da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros. O deputado afirmou que a discordância do PS já fora transmitida ao executivo e referiu que as alterações não foram antecedidas de negociação com o principal partido da oposição.

Para o MNE, o movimento dos embaixadores é feito para assegurar o normal funcionamento do Ministério. Na mira dos socialistas, estão os casos do actual secretário de Estado da Justiça, António Costa Moura, que vai regressar à diplomacia com posto em Helsínquia. Também a actual chefe de gabinete do vice-primeiro-ministro Paulo Portas, Madalena Fischer, é apontada para a embaixada de Portugal no Cairo.

Além destas duas mudanças, o Diário Económico refere estarem previstas alterações na REPER, onde o cargo de embaixador vai ser ocupado por Nuno Brito, antigo assessor de Durão Barroso, que assim abandona o posto em Washington. Nuno Brito substitui Fezas Vital, antigo assessor diplomático de Cavaco Silva, que passada da REPER para Washington.

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