PS diz que consolidação é “praticamente inexistente”, PSD diz que é para continuar

INE divulgou esta segunda-feira que o défice orçamental se fixou em 4,9% do PIB em 2013, ficando abaixo do valor fixado pela troika.

Foto
Apesar da sexta avaliação regular da troika ainda não estar concluída, "as indicações dadas são positivas", diz Miguel Frasquilho PÚBLICO

Ao défice de 4,9% do PIB, divulgado esta segunda-feira pela Instituto Nacional de Estatística (INE), PS e PSD reagem de maneira diferente. Os socialistas falam de uma consolidação orçamental "praticamente inexistent", enquanto o PSD elogia uma "vitória dos portugueses" que é para "continuar".

O deputado do PS Pedro Marques considerou que os dados da execução orçamental demonstram uma "consolidação praticamente inexistente em que a esmagadora maioria dos esforços dos portugueses é perdida para a recessão, um desvio enorme na dívida pública face às metas e ausência de ajustamento estrutural", afirmou no Parlamento.

O INE divulgou que o défice orçamental se fixou em 4,9% do PIB em 2013, ascendendo aos 8.121,7 milhões de euros, ficando abaixo do valor inscrito no Orçamento do Estado para 2014, que apontava para um défice de 5,9% em 2013. O défice ficou também abaixo da meta com que Portugal se comprometeu com a troika: 5,5% para 2013.

O deputado do PS disse registar "o incumprimento da meta inicial para o défice de 4,5%, apesar do enorme aumento de impostos", e sublinhou que a meta inicial "foi revista em alta para poder ser cumprida".

"Agora cumpriram-na, com base em receitas extraordinárias", acrescentou Pedro Marques.

Do lado do PSD, o vice-presidente da bancada do PSD Miguel Frasquilho considerou que a fixação do défice em 4,9% é "uma vitória dos portugueses" que no futuro serão recompensados pelos sacrifícios, embora recuse "embandeirar em arco" porque a consolidação orçamental "deve continuar".

"Não pode haver duas leituras deste resultado, é um resultado positivo, representa uma vitória dos portugueses que fizeram esforços e sacrifícios muito grandes e que vêem agora uma recompensa por esses esforços e sacrifícios aparecer, uma recompensa que reverterá no futuro em seu favor", disse.

Também em declarações no Parlamento, o deputado social-democrata sublinhou que "é a primeira vez desde 2007 que, excluindo efeitos temporários e permanentes, o défice das contas públicas é melhor do que aquilo que tinha sido estimado".

"Apesar deste resultado positivo, não embandeiramos em arco, nem é tempo para euforias, uma vez que a consolidação orçamental deve continuar, a meta do défice de 4% para 2014 continua a ser extremamente exigente e continuamos a ter que cumprir as metas e os objectivos do tratado orçamental, com o qual Portugal está comprometido", declarou.

Nada de positivo

Mais crítica, a deputada do BE Mariana Mortágua defendeu que "não há nenhum dado positivo a reter".

"Como é que é possível retirar alguma consequência positiva de 14 mil milhões de austeridade que provocam o aumento do défice e o aumento da dívida? A dívida aumentou desde 2011 mais do dobro do que a própria austeridade", afirmou, no Parlamento.

"No mesmo período, o défice está 800 milhões de euros mais alto e a dívida está 30 mil milhões mais alta", acrescentou, observando que é a dívida mais alta "desde que há registo, em 1880", disse.

Apesar disso, acrescentou a deputada, "os dados da pobreza são os piores dos últimos anos, o desemprego está pior que em 2011, produz-se menos do que em 2011, temos mais emigração do que em 2011".

Do lado do PCP, o membro da comissão política Vasco Cardoso afirmou que a obsessão do Governo pelo défice é um "pretexto" para transferir a riqueza dos trabalhadores para os grupos económicos.

"Estes valores que estão a ser alcançados à custa do empobrecimento, da emigração, do desemprego, da degradação dos serviços públicos. O Governo, na base deste propalado sucesso que apresenta à população em torno do défice das contas públicas, prepara-se para continuar a exigir mais sacrifícios aos trabalhadores", disse, na sede do PCP, em Lisboa.

 


.

 


Sugerir correcção
Comentar