PS chama Ulrich e Faria de Oliveira para discutir sector bancário

Esta terça-feira, os socialistas vão promover uma conferência sobre o sector bancário e convidaram o presidente executivo do BPI para o debate, numa altura em que o futuro do BPI ainda é incerto.

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Fernando Ulrich nFactos/Pedro Granadeiro

O tema tem estado na ordem do dia e é motivo para desunião entre os parceiros que apoiam o Governo, mas mesmo assim os socialistas querem debater o futuro do sector bancário numa conferência que junta o presidente do BPI, Fernando Ulrich, Carlos Costa Pina, ex-secretário de Estado, e Faria de Oliveira, presidente da direcção da Associação Portuguesa de Bancos. Esta é a primeira das conferências, haverá mais três. A 19 de maio será sobre refugiados e terá como orador António Guterres.

A conferência com o tema O sector bancário em Portugal: Banca e Economia - desunião de facto?, pretende reflectir sobre questões como a concentração bancária ou o financiamento da economia. E o timing para a discussão também é de notar: acontece numa altura em que o Governo lançou para a praça pública a discussão sobre a criação de um banco mau para a gestão do crédito malparado, que não é consensual junto do PCP e BE; e em plena negociação entre Isabel dos Santos e o CaixaBank, os dois maiores accionistas do BPI, na qual António Costa esteve envolvido. Acresce ainda que na última semana a empresária angolana chumbou, mesmo que sem efeitos práticos, a continuação de Ulrich à frente do BPI, e agora o partido que está no Governo convida Ulrich para uma conferência sobre o tema.

A conversa está marcada para as 18h, na sede nacional do partido, no Largo do Rato (Lisboa). Esta será uma das três que o PS organizará antes do Congresso do início de Junho com o objectivo de "abrir as portas ao exterior" e "apelar à participação das pessoas em temas que as preocupam", segundo explicou à Lusa fonte socialista.

"Nos últimos anos, o debate sobre os bancos tem-se centrado sobretudo no tema da capitalização do sector. Sendo uma condição necessária para a existência de bancos saudáveis, não é seguramente uma condição suficiente, porque os bancos têm de ser simultaneamente viáveis e úteis", sublinha o PS, na nota de apresentação da conferência.

Para os socialistas, depois do programa de ajuda externa, "a banca portuguesa está seguramente mais capitalizada, mas parece longe de estar estável", e sublinham que "o novo enquadramento regulatório, as taxas de juro negativas, o volume crédito malparado, a baixa rentabilidade dos activos" são factores que colocam os bancos sob pressão.

"Como podem os bancos adaptar-se a este novo ambiente? Existe alguma pressão para a concentração bancária? Qual o impacto nas condições de financiamento da economia portuguesa? Será que a viabilidade dos bancos tem de ser feita à custa da economia, com crédito mais caro e mais escasso? Que políticas podem ser implementadas para mitigar esse efeito? O que pode ser feito do lado dos bancos? E do lado das empresas?" são algumas das questões sobre as quais o PS pretende reflectir na conferência de terça-feira.

O primeiro painel, sobre Desafios presentes no sector bancário: os bancos e a sua vitalidade", terá como oradores Fernando Ulrich, presidente da Comissão Executiva do Conselho de Administração do BPI, Carlos Costa Pina, membro do Conselho de Administração e da Comissão Executiva da Galp Energia, e Eurico Brilhante Dias, deputado socialista e relator da Comissão de Inquérito ao caso Banif.

O segundo painel terá como tema Financiamento da economia portuguesa: os bancos e a sua utilidade e contará a participação de Luís Filipe Costa, membro do Conselho de Administração do Montepio Investimento, José António Barros, responsável pela Unidade de Missão para a Recapitalização de Empresas, e Fernando Faria de Oliveira, presidente da direcção da Associação Portuguesa de Bancos.

A moderação estará a cargo do deputado socialista João Galamba e a conferência será encerrada pela secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes.

Além desta conferência, o PS vai realizar mais três: a segunda, a 10 de Maio será sobre precariedade, a terceira a 19 de Maio sobre o papel de Portugal na crise dos refugiados, com António Guterres como convidado, e a última a 24 de Maio sobre políticas de família.

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