PS arrasa Maria Luís Albuquerque sobre a CGD

Galamba acusa PSD de "terrorismo político" a propósito do relatório do Tribunal de Contas sobre a "falta de controlo" do anterior Governo sobre o banco público

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Nuno Ferreira Santos

O porta-voz do PS João Galamba aproveitou o relatório do Tribunal de Contas para arrasar a ex-ministra Maria Luís Albuquerque não só pela intervenção do anterior Governo PSD/CDS sobre a Caixa Geral de Depósitos – houve “incúria e irresponsabilidade” – mas também pela reacção da deputada ao argumentar que o banco já é escrutinado por outras entidades. “Maria Luís Albuquerque vai ter de retirar as propostas do PSD sobre o Estatuto do Gestor Público ou então já não é do PSD”, disse o deputado por considerar que as as declarações da deputada e os projectos do partido são “incompatíveis”.

Em declarações aos jornalistas, no Parlamento, João Galamba começou por estranhar a posição agora manifestada pelo PSD de críticas ao Governo sobre a CGD tendo em conta a intervenção no passado. “À semelhança do Banif, onde não apresentou relatórios de acompanhamento, houve incúria e irresponsabilidade na Caixa e que agora com algum terrorismo político querem compensar”, afirmou o deputado, a propósito do relatório do Tribunal de Contas que aponta para “falta de controlo” sobre o banco público entre 2013 e 2015.

Entre as falhas, a entidade aponta que os relatórios trimestrais da evolução do Sector Empresarial do Estado naquele período não englobam a CGD, dando conta de que “o último relatório anual de acompanhamento do sector publicado, em que se efectuou uma análise individualizada desta empresa, é o referente a 2013”.

Já em reacção a este relatório, a ex-ministra das Finanças do PSD naquele período, Maria Luís Albuquerque, disse esta terça-feira de manhã não ter lido o documento, mas sublinhou haver outras entidades que escrutinam muito o banco público. A mesma declaração foi repetida um pouco mais tarde pelo líder do PSD, Pedro Passos Coelho: “A exigência aumentou [no anterior Governo] e a Caixa era fiscalizada por outras entidades com mais vocação para isso”.

A posição mereceu uma forte crítica por parte de João Galamba. O porta-voz do PS exige esclarecimentos por parte do PSD por considerar que as declarações da ex-ministra são incompatíveis com o teor dos projectos do partido – que são discutidos esta tarde em plenário – e que prevêem regras mais apertadas para os gestores públicos aplicáveis à administração da Caixa Geral de Depósitos.

Questionado sobre se está em condições de garantir que a recapitalização da Caixa não se vai adiar até ao Verão – como prevê Passos Coelho – João Galamba defende que o ex-primeiro-ministro deve esclarecimentos ao país já que, no seu Governo, foi realizado um plano de recapitalização do banco “sem qualquer tipo de acompanhamento” e que isso “teve custos”.

CDS desafia provas da “maquilhagem” na CGD

O CDS-PP, pela voz da deputada Cecília Meireles, remete para a comissão de inquérito – que foi criada contra a vontade da esquerda – para “apurar tudo o que se passou”.

A deputada reagiu, aos jornalistas no Parlamento, à acusação do primeiro-ministro de que teria existido “maquilhagem” no tempo do anterior Governo para “anunciar uma saída limpa”. Num requerimento dirigido ao presidente da comissão de inquérito, o CDS pede directamente ao primeiro-ministro a “documentação e indícios” que “provem” a “maquilhagem” das contas do banco público bem como a “documentação e indícios” que provem a “ligação entre a CGD e o anúncio do fim do programa da troika.

O relatório do Tribunal de Contas foi também aproveitado pelo PCP para criticar o PSD. Miguel Tiago partilhou a ideia de João Galamba ao acusar Maria Luís Albuquerque de “incongruência” quando o PSD tem insistido que “a Caixa está em roda livre” e agora afirmar que “não é preciso” o escrutínio do Tribunal de Contas “porque as instituições de supervisão fazem tudo”. O deputado comunista considerou também que “o comportamento do anterior Governo mimetiza na Caixa a actuação no Banif”.

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