PS acusa Governo de já ter divulgado "agenda secreta" de cortes aos ministros do Eurogrupo

Socialistas lamentam que o Governo ainda não tenha revelado aos portugueses o resultado da reunião de Conselho de Ministros, onde se discutiu o Documento de Estratégia Orçamental para 2015.

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António Galamba acusou o Governo de incapacidade para gerar consensos Daniel Rocha

O PS acusou esta terça-feira o Governo de teimar numa "agenda secreta", exigindo que revele os cortes decididos segunda-feira em Conselho de Ministros e diz que essa informação já foi transmitida aos parceiros europeus. Em causa está a decisão de tornar permanentes os cortes salariais dos funcionários públicos e as pensões dos reformados que começaram por ser provisórios.

"O Governo deve dizer de imediato o que ficou decidido no Conselho de Ministros de ontem [segunda-feira], o Governo tem obrigação de dizer aos portugueses o que a ministra das Finanças foi dizer aos parceiros europeus, porque é a vida dos portugueses que está em causa. O Governo tem de anunciar de uma vez por todas quais são os cortes prometidos como provisórios que quer tornar definitivos", afirmou o secretário nacional do PS, António Galamba, numa conferência de imprensa na sede do partido.

Recordando que o Conselho de Ministros esteve reunido durante cinco horas na segunda-feira para discutir "os novos cortes" a aplicar, António Galamba lamentou que "do resultado da reunião nada se saiba em Portugal".

Contudo, acrescentou, agora percebe-se que a reunião do Governo tinha como objectivo permitir que a titular da pasta das Finanças fosse hoje a Atenas, onde decorreu uma reunião dos ministros das Finanças da zona euro, "com o resultado da discussão sobre o Documento de Estratégia Orçamental e as linhas de orientação para aplicar mais cortes aos portugueses".

"O Governo decidiu, escondeu dos portugueses, mas os ministros do Eurogrupo já sabem o que foi decidido. O Governo teima nesta agenda secreta em que esconde dos portugueses os cortes que aí vêm", sublinhou.
Insistindo que os portugueses "merecem respeito", António Galamba disse não ser admissível que por "qualquer cálculo político ou eleitoral" o executivo de maioria PSD/CDS-PP mantenha escondida a sua "agenda de cortes".

"Os portugueses não podem ser uma mera variável de ajustamento do programa", vincou, acusando o Governo de actuar exclusivamente com os olhos postos nos credores internacionais, ignorando os números do desemprego e da pobreza.

A propósito dos números do desemprego hoje divulgados pelo Eurostat, que apontam para a manutenção em Fevereiro da taxa de desemprego nos 15,3%, pelo terceiro mês consecutivo, o secretário nacional do PS ressalvou que "há dimensões" que continuam a aumentar e são motivo de preocupação dos socialistas.

Além disso, acrescentou, os números agora conhecidos "sublinham mais uma vez que as opções políticas que têm sido conduzidas pelo Governo em Portugal, mas também na União Europeia, não tem sido a linha que deveria ser".

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