PS acusa Governo de avançar com reforma hospitalar “sem estudo nem bom-senso”

Dirigente socialista Álvaro Beleza visita um conjunto de hospitais no Norte abrangidos por portaria que tenciona concentrar valência e assim levar ao seu encerramento em algumas localidades.

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Álvaro Beleza diz que o PS não irá negociar qualquer novo programa sem eleições antecipadas Nuno Ferreira Santos

O PS veio reagir esta segunda-feira à portaria do Governo que anuncia o encerramento de um conjunto de valências em hospitais em Lisboa e Porto.

Em causa estão o Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, e no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, no Porto, que deverão perder os serviços de cirurgia cardio-torácica, farmacologia clínica, genética médica, cardiologia pediátrica e cirurgia pediátrica. Mas a reforma em curso pode também afectar outros hospitais, como o de Guimarães. Que corre o risco de perder a maternidade.

O secretário nacional do PS, Álvaro Beleza, acusou o Governo de estar a impor ao país uma reforma hospitalar "sem estudo, respeito e bom senso". "O Governo não é o dono do país, é o representante do povo para governar o Serviço Nacional de Saúde, que é de todos nós. O Governo tem obrigação de, quando faz estas reformas, ouvir as associações profissionais, os utentes e o poder local", criticou.

A portaria foi publicada na quinta-feira em Diário da República e categoriza os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em grupos de I a IV, hierarquizando as unidades de acordo com a natureza das suas responsabilidades e as suas valências.

Álvaro Beleza liderou a comitiva socialista que esta segunda-feira visitou equipamentos de saúde do interior do distrito do Porto, incluindo o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), com instalações em Amarante e Penafiel.

No âmbito daquela portaria, o CHTS foi incluído no grupo I destinado a hospitais que sirvam até 500.000 habitantes, o que, segundo os autarcas da região, poderá significar a perda de valências, como cirurgia cardiovascular, urologia e a maternidade, que é a segunda maior do norte do país.

Álvaro Beleza considerou que não se "pode fazer uma carta hospitalar a partir de Lisboa, porque, vincou, "Portugal não é só Lisboa". "Não se deve fazer uma portaria com aquela relevância sem ouvir os peritos, o poder local e o PS, que é um partido de Governo", insistiu.

O responsável do PS para a área da saúde defendeu que a reforma hospitalar "tem de ser feita de uma forma cirúrgica e tecnicamente bem fundamentada". "Não se anda a investir milhões em serviços de alta tecnologia para depois, por um desenho feito na Avenida da República, em Lisboa, dizer-se que esse serviço vai acabar", criticou. "Até admito que se possa fazer concentração no Porto, mas isto tem de ser feito com respeito pela história, pelo presente e pelos investimentos do ponto de vista financeiro que já se fizeram", declarou.

Ainda sobre aquela matéria, o secretário nacional do PS admitiu ser necessário "centralizar algumas áreas" e descentralizar outras. "Nós temos de ter serviços altamente especializados em hospitais centrais, mas depois é preciso ter numa rede de cuidados de proximidade", considerou.

Questionado sobre se o PS já sabe quais as valências que poderá perder o CHTS, Álvaro Beleza respondeu: "O que veio a público é uma portaria que antevê a perda, em muitas unidades, de serviços e valências que tinham".

Após a portaria, surgiu um movimento que avançou com a petição “Quero que os meus filhos nasçam em Guimarães” contra o encerramento da valência da maternidade naquela cidade.
 

   





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