Programa do Governo prevê alargar oferta de TDT e rever financiamento da ERC

Canais privados já avisaram que estão contra a entrada de todos os canais da RTP na TDT.

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Depois de ter sido um Governo PS a lançar a TDT com as restrições de conteúdos que tem actualmente, o novo executivo socialista quer reparar os danos. Ricardo Silva

O alargamento da oferta de serviços de programas através da Televisão Digital Terrestre (TDT) e a revisão do modelo de financiamento do regulador dos media (ERC) são algumas das propostas que constam do programa do Governo.

De acordo com o programa do XXI Governo Constitucional, que deu entrada na Assembleia da República esta sexta-feira e que será debatido na quarta e na quinta-feira da próxima semana, mantém-se a intenção de alargar a oferta de serviços de programas através da TDT, "bem como acelerar o processo de modificação da rede de distribuição, por forma a garantir elementares condições técnicas de recepção dos sinais de rádio, televisão e Internet".

Na quinta-feira, durante o debate "O Estado da Nação dos Media", no âmbito do 25.º Congresso das Comunicações, organizado pela APDC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, em Lisboa, a questão da TDT voltou à ordem do dia quando o presidente do conselho de administração da RTP, Gonçalo Reis, disse estar interessado em ter mais canais na plataforma de sinal aberto (gratuito).

O presidente executivo da Impresa, Pedro Norton, reagiu dizendo que "se o operador público quiser ter mais um segundo que seja de publicidade na TDT, a SIC está totalmente contra". Também Rosa Cullell, presidente executiva da Media Capital, dona da TVI, afastou a possibilidade de a RTP vir a ter mais publicidade na TDT, considerando que seria prejudicial para o sector. "Não é bom para o mercado pôr mais minutos de publicidade no sector público", afirmou, na altura, Cullell, que defendeu a necessidade de o Governo "voltar a olhar" para o dossier da TDT em termos globais, incluindo sector público e privado.

Gonçalo Reis afirmou aos jornalistas, à margem do debate, que "o enriquecimento da TDT também é uma oportunidade do sector" e salientou que "há uma predisposição da RTP e interesse em participar" naquele processo. De acordo com o presidente da RTP, há "análises feitas sobre a entrada destes canais na plataforma de sinal aberto", adiantando que há "implicações económicas".

Recentemente, o Conselho Geral Independente (CGI), órgão que supervisiona a RTP, considerou desejável que a RTP3 e a RTP Memória estivessem disponíveis em sinal aberto, ou seja, na TDT. O alargamento da oferta na TDT foi também um objectivo defendido pelo anterior ministro da tutela, Miguel Poiares Maduro.

De acordo com o programa do Governo liderado por António Costa, "proceder-se-á igualmente à reavaliação do preço imposto aos operadores de televisão pelo custo de distribuição do sinal televisivo". O Governo pretende também "rever o modelo de financiamento da ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social], garantido a sua independência face ao poder político e assegurar uma maior articulação com as entidades reguladoras das comunicações e da concorrência".

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