Primeiro-ministro diz que greve pode transformar TAP em “miniatura”

Passos Coelho diz que a ameaça dos pilotos pode pôr em risco a empresa "a curto prazo".

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Greve vai ameaçar viagens de 350 mil pessoas PÚBLICO/Arquivo

O primeiro-ministro foi duro nas palavras sobre a convocação de uma greve de dez dias na TAP para travar a privatização da empresa, advertindo para as consequências. “É o despedimento colectivo, redução de actividade, venda de aviões. É ter uma TAP em miniatura, não serve os interesses do país, nem dos pilotos”, afirmou, no debate quinzenal, no Parlamento.

Passos Coelho respondia ao líder da bancada do CDS, Nuno Magalhães, que apelou ao sentido de responsabilidade dos sindicatos para reponderar uma decisão que “afecta o turismo, os passageiros e a própria empresa”. O primeiro-ministro mostrou-se “preocupado” e disse não compreender a decisão. “O Governo estabeleceu um acordo com os sindicatos da TAP e não está a ser respeitado. Lamentamos profundamente que isso ocorra”, afirmou, advertindo que a paralisação pode “pôr em risco a própria empresa e não no médio prazo, mas a curto prazo”.

 perverso que uma greve que está decretada para dez dias, em nome de salvar a empresa para evitar a privatização, possa pôr em risco a própria empresa", afirmou o primeiro-ministro. "Quem julga que impedindo a privatização da empresa está a empurrar com a barriga para resolver o assunto de outra maneira lá mais para a frente, daqui a uns anos, está muito enganado. Porque a TAP é um problema muito sério", realçou o governante.

Exaltado, o primeiro-ministro dramatizou o cenário: "A alternativa à privatização da TAP é o despedimento colectivo, a redução da sua actividade, a venda de aviões, o cancelamento de rotas. É ter uma TAP em mininatura que não serve os interesses do país; não vejo como possa servir o interesse dos pilotos; não serve os interesses dos trabalhadores da TAP, não serve os interesse de Portugal. E é isto que está em causa nesta altura."

Também Nuno Magalhães já tinha afirmado que “os pilotos sabem que as reivindicações não estão no acordo assinado com o Governo há meses”. E concluiu: “Há limites para a irresponsabilidade.”

Já o ministro da Economia classificou nesta sexta-feira a greve como uma ameaça à viabilidade da TAP. Para Pires de Lima, o impacto desta paralisação “pode ser extraordinariamente duro”, noticiou a Lusa. E, por isso, voltou a apelar ao “bom senso dos pilotos” para recuarem na decisão.

Na quarta-feira, os pilotos decidiram avançar com uma greve de dez dias na TAP, tendo estendido a paralisação à PGA, companhia de aviação regional que pertence ao mesmo grupo. A paralisação terá início já a 1 de Maio e ocorrerá num período em que a transportadora aérea previa movimentar cerca de 350 mil passageiros. A empresa estima, por isso, que os protestos vão causar prejuízos de 70 milhões de euros.

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil exige a devolução das diuturnidades suspensas desde 2011 e uma fatia no capital da TAP, entre 10% e 20%, acusando o Governo e a companhia de não respeitarem um acordo assinado em Dezembro.

No entanto, estas reivindicações não constavam desse documento, que foi assinado por outros oito sindicatos e que permitiu ao cancelamento de uma greve de quatro dias entre o Natal e o Ano Novo.

Neste momento, o braço-de-ferro com os pilotos parece muito difícil de ultrapassar, o que terá consequências dramáticas para a TAP, em vésperas de privatização. Os potenciais investidores têm até 15 de Maio para fazer uma oferta pela companhia. Com Raquel Almeida Correia

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