Previsões para 2017

Não há razões para um pessimismo excessivo. Tal como o Bem, também o Mal não é inevitável.

Em 2017, quase todas as interrogações nos conduzem à Casa Branca. A próxima Administração presidencial norte-americana é fonte de múltiplas inquietações. Para já, ainda é difícil vislumbrar a verdadeira natureza da política económica que Donald Trump vai prosseguir, assim como permanecem muito ambíguas as indicações fornecidas acerca da política externa que vai adoptar. Há razões para temer que nestes dois âmbitos acabe por ter uma actuação errática e contraditória com consequências negativas para o povo que o elegeu e para o mundo em geral.

Na Europa, o próximo ano será marcado pela realização de importantíssimos actos eleitorais na Holanda, em França, na Alemanha e, provavelmente, em Itália. Não será exagerado afirmar que em cada um destes momentos se estará a determinar parte significativa do futuro imediato da União Europeia. Um crescimento significativo das posições políticas extremistas condicionará fortemente qualquer perspectiva séria de revalorização da União Europeia, fomentará o regresso do discurso nacionalista nos planos político e económico e propiciará a polarização radical de todo o debate político. De certa maneira, o que vai estar em causa é a capacidade de sobrevivência e de relançamento daquilo que designamos por centro-esquerda e centro-direita. A meu ver, daí vai depender o destino do actual projecto europeu enquanto verdadeiro projecto civilizacional.

No resto do mundo, diga-se de passagem na maior parte do mesmo, infelizmente não são de prever mudanças especialmente auspiciosas. Não é de crer que se verifique a desejada pacificação do Médio Oriente, não se antecipam transformações relevantes na África subsariana, na melhor das hipóteses tudo permanecerá mais ou menos idêntico na Ásia e é muito possível que ocorram situações deveras complicadas em muitos países da América Latina. 

Apesar de tudo isto não há razões para um pessimismo excessivo. Tal como o Bem, também o Mal não é inevitável e o facto de termos prescindido de uma crença ingénua no progresso linear da Humanidade não nos condena a uma visão desesperada do futuro do Homem. 

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