Presidente diz que cada trabalhador da RTP custa 45 mil euros por ano

Alberto da Ponte promete recorrer ao despedimento colectivo “só em último recurso”, mas neste momento “nem sequer se equaciona” esta solução. Período para rescisões amigáveis começa nesta sexta-feira.

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Alberto da Ponte quer contrato de exclusividade com parceiro tecnológico Nuno Ferreira Santos

O presidente da RTP garantiu nesta quinta-feira no Parlamento que “neste momento” não se equaciona qualquer despedimento colectivo na empresa, no âmbito do plano de reestruturação.

Questionado pelos deputados da oposição, Alberto da Ponte prometeu procurar “evitar a todo o custo as rescisões que não sejam voluntárias. Só em último recurso recorreremos ao despedimento colectivo e neste momento nem sequer se equaciona.”

O presidente esclareceu que o objectivo é cortar 28% nos custos com pessoal e não nos recursos humanos, como o ministro Miguel Relvas chegou a admitir na quarta-feira, nesta mesma comissão.

“Cada trabalhador custa em média à RTP 45 mil euros por ano. É o custo total por trabalhador. Mas para além dos salários temos 800 mil euros em ajudas de custo, 400 mil euros em subsídios de deslocação, outros 400 mil em subsídios de condução e 1,8 milhões de euros em trabalho extraordinário”, enumerou ainda Alberto da Ponte.

Mais tarde, o presidente considerou que, neste momento, com a actual situação do país, “45 mil euros é um gasto elevado”. Para justificar esse comentário, confidenciou: “Eu levo para casa 4300 euros por mês e os meus colegas de administração levam cada um 3300 euros. Por isso, eu tenho legitimidade para dizer que 45 mil euros por ano não. Em média, é um gasto elevado.”

O presidente da RTP usou estes números para justificar a redução que é necessário baixar os custos com pessoal dos 76,2 milhões de euros este ano para os 55,2 em 2014. Para isso, começa nesta sexta-feira um período de três meses para as rescisões amigáveis, que termina a 15 de Maio. E prometeu que a empresa não se endividará mais do que os 30 milhões de euros necessários para o plano de rescisões.

O presidente garantiu que a sua administração “convive muito mal com o despedimento na RTP, e convive muito mal com o desemprego em Portugal”. Por isso, “pretende fazer rescisões amigáveis e não despedir”.

Alberto da Ponte também advertiu que fará, ao mesmo tempo, reduções noutras áreas, como as contratações de trabalho externo, onde acredita que conseguirá fazer poupanças superiores às que estão previstas. Até enumerou algumas áreas onde agradecia que a tutela lhe desse “uma folga”, como os 8 milhões de euros com que a RTP tem que financiar o cinema ou os 2,7 milhões de euros transferidos para a SPA – Sociedade Portuguesa de Autores. “Cada 45 mil euros poupados é um trabalhador a menos que tem que sair”, acrescentou.

Já quanto ao futuro dos centros regionais dos Açores e da Madeira, o presidente admitiu que poderá fechar delegações regionais, mas ainda não sabe quantas e quais serão. Mas prometeu que a comissão de trabalhadores (CT) será a primeira a ser informada.

Sobre as receitas disse que concorda que a RTP não receba indemnização compensatória, ficando apenas com os cerca de 45 milhões de euros de receitas comerciais e os 140 milhões de euros da contribuição para o audiovisual. Mas a RTP fará um estudo para saber se os portugueses estarão dispostos a pagar mais, e se aumenta a taxa já em 2104. Se não, haverá aumento de 2,25 para 2,29 euros em 2016. Sobre as críticas da CT de que este plano seria ilegal porque ainda não tem o seu parecer, Alberto da Ponte disse que tem recebido sempre a CT e que tudo foi feito dentro dos prazos e da lei.

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