Prémios Gazeta entregues sem a presença de Cavaco Silva

Em 29 edições, é a segunda vez que um chefe de Estado não está presente. O primeiro fora Mário Soares.

Os Prémios Gazeta 2012 foram entregues esta terça-feira sem a presença do Presidente da República. Cavaco Silva faltou, pela primeira vez desde que é chefe de Estado, à cerimónia que este ano distinguiu com o Prémio Gazeta de Imprensa o jornalista do PÚBLICO José António Cerejo pelo conjunto de reportagens de investigação à empresa Tecnoforma, envolvendo Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas.

Fonte da Presidência da República justificou ao PÚBLICO que a ausência se deveu apenas a “dificuldades de acerto de data em função de compromissos de agenda” de Cavaco Silva. A data da cerimónia tem oscilado ao longo dos anos, mas tem sido sempre difícil conciliar agendas dos promotores e patrocinadores do evento e até dos agraciados. No entanto, em 29 edições dos prémios, apenas uma vez tinham sido entregues sem a presença de um chefe de Estado – aconteceu com Mário Soares.

O Prémio Gazeta de Mérito foi atribuído ao jornalista Germano Silva, já reformado mas que nos seus longos anos no Jornal de Notícias dedicou a maior parte do seu trabalho a escrever sobre o Porto. O Prémio de Rádio coube a Rita Colaço, da Antena 1, pela reportagem A Rua É um Parlamento, que cruza protestos e uma reflexão sobre a cidadania. O Prémio de Televisão foi atribuído à série de reportagens da SIC Momentos de Mudança, da autoria de Cândida Pinto, João Nuno Assunção e Jorge Pelicano.

O Prémio de Fotografia coube a Bruno Simões Castanheira pelas fotos a preto e branco publicadas no jornal i sob o título Atenas. Onde a crise criou uma catástrofe social. O trabalho em texto, vídeo e fotografia A Estrada da Revolução que Tiago Carrasco, João Fontes e João Henriques efectuaram em diversos países do mundo árabe durante a chamada Primavera árabe recebeu o galardão de Multimédia. O Prémio Gazeta de Imprensa Regional foi atribuído ao jornal Folha de Montemor-o-Novo. Desta vez, o júri decidiu não atribuir o Prémio Gazeta Revelação, alegando “reduzido número e fraca qualidade dos trabalhos concorrentes”.

O júri dos Prémios Gazeta justifica a distinção a José António Cerejo com o facto de o trabalho sobre a Tecnoforma se revelar “um reconfortante exemplo do bom jornalismo de investigação, caracterizado pelo competente cruzamento entre a recolha de depoimentos e uma minuciosa busca documental, pelo cuidadoso cruzamento de fontes, pela escrita simples, clara, rigorosa e escorreita”.

O grande repórter do PÚBLICO foi responsável, entre outros trabalhos, por investigações como o "caso Freeport", a licenciatura de José Sócrates, o aterro da Cova da Beira, a falta de pagamento de um imposto que levou à demissão do cargo de ministro, em 1997, do socialista António Vitorino, e o negócio de compra e licenciamento da Casa da Coelha, de Cavaco Silva, no Algarve.
 
 
 

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