Portugal e Espanha estão a inverter a crise, desmentindo os pessimistas, afirma Passos

Na cerimónia de homenagem a Durão Barroso, em Cáceres (Espanha), o primeiro-ministro enalteceu as reformas estruturais que estão a ser feitas nos países europeus sob intervenção da Comissão Europeia.

Depois dos “grandes sacrifícios”, Portugal e Espanha estão agora a inverter a situação de crise e a “desmentir as vozes mais pessimistas”, apostando na “recuperação definitiva” das suas economias, defendeu esta quinta-feira o primeiro-ministro.

Pedro Passos Coelho, que discursava no mosteiro espanhol de Yuste, em Cáceres, na cerimónia de entrega do Prémio Carlos V 2012 a José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, falou sobre a situação dos dois países ibéricos, pintando um retrato de dificuldades e de superação da crise a par. Os sinais de recuperação de Portugal e Espanha chegam “de todas as partes”, vincou o primeiro-ministro português, admitindo, porém, que ainda se enfrentam “muitas dificuldades, nomeadamente ao nível do desemprego”.

“Mas hoje, de todas as partes chegam-nos sinais de que em Portugal e em Espanha a situação está a ser invertida. Portugal e Espanha estão a desmentir as vozes mais pessimistas e estamos ambos apostados na recuperação definitiva das nossas economias”, afirmou Passos Coelho.

Antes descrevera o que se fez por cá. Em Portugal, “acrise agudizou debilidades estruturais e desequilíbrios crónicos da nossa economia, que temos vindo a corrigir recorrendo a um conjunto de instrumentos diferente daquele de que dispusemos no passado”. Como? “Abordámos os nossos problemas com um programa muito amplo de reformas estruturais nos vários sectores da economia e do Estado, cujos efeitos benéficos se tornarão visíveis por muitos anos e que constitui a base da nossa prosperidade futura.” Essa estratégia implicou “escolhas difíceis dado o estado muito difícil em que nos encontrávamos. Mas eram necessárias e começamos gradualmente a ver o seu resultado a vários níveis”, acrescentou. A intenção, vincou, foi “tornar a economia mais democrática, mais aberta à participação de todos”.

Mas a crise é de âmbito internacional e, por isso mesmo, colocou “desafios ao futuro da União Económica e Monetária” a que os Estados-membros precisam de “responder em conjunto” e também em consonância com as instituições europeias.

“Precisamos de aprender com o preço que pagámos por não confrontarmos os nossos problemas e adiarmos as soluções. Precisamos de avaliar os custos da lentidão na execução das respostas. Precisamos, sem receios injustificados, de responder aos desafios do futuro para atendermos às aspirações de todos os povos europeus e das gerações vindouras”, elencou o chefe de Governo perante uma plateia onde se contava, além do presidente da Comissão Europeia homenageado, o seu homólogo espanhol, Mariano Rajoy, mas também o Príncipe das Astúrias e o chefe da diplomacia espanhola, José Manuel García-Margallo.

“A construção de uma união mais sólida e equilibrada, que ofereça condições equitativas para o crescimento económico dos seus membros depende dos esforços de todos, individualmente e enquanto comunidade política que continuamos a erguer”, vincou Passos Coelho, que realçou o “fortíssimo apoio popular e político” tanto em Portugal como em Espanha ao projecto europeu.

Mas, avisou, “há tarefas que cabem aos Estados-membros segundo os princípios da responsabilidade e da subsidiariedade. Mas há tarefas que cabem às instituições europeias de acordo com o princípio da união entre todos.” E neste aspecto a Comissão Europeia tem um papel essencial, defendeu.

O chefe do Governo português defendeu a necessidade de se “aprofundar a união económica e monetária e ao mesmo tempo encurtar significativamente o tempo entre a tomada de decisões e a sua efectiva execução”. Mas também é precisa uma maior “consistência entre as respostas da União e as respostas da união dos Estados-membros”. Ou seja, “é necessário que as várias políticas da União concorram para o objectivo fundamental de crescimento económico sustentável e de justiça social e que nos dotemos de todos os instrumentos necessários para o alcançar”.

Assim como é “indispensável que as políticas nacionais, económicas e orçamentais ajudem e não subvertam o interesse da Europa”, defendeu ainda Passos Coelho, vincando: é necessário “ultrapassar preconceitos e divisões artificiais entre Norte e Sul, entre centro e periferia, entre credores e devedores”.

O primeiro-ministro português deixou também grandes elogios a Durão Barroso, de quem realçou a “responsabilidade, visão estratégica e firmeza de propósitos”, durante o seu mandato à frente da Comissão Europeia. “Nos últimos dez anos, Durão Barroso singularizou-se como um convicto defensor do projecto europeu e um obreiro infatigável das profundas mudanças ocorridas no quadro institucional e no plano das políticas que moldaram a União Europeia e a Zona Euro e que preparam o seu futuro.”

 

Notícia substituída às 15h40
 
 
 
 
 
 
 

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