Portugal é atractivo para obter informação político-militar, admite a secreta

Relatório de 2015 aborda também o terrorismo jihadista e alerta para a ciberespionagem, sobretudo na banca online.

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Júlio Pereira é o secretário-geral do SIRP Nuno Ferreira Santos

Portugal é atractivo para obter informação político-militar por parte de serviços de informações estrangeiros, admite o SIRP [Sistema de Informações da República Portuguesa] na publicação O ano em revista – 2015, disponível desde a passada quarta-feira no novo site da entidade. No mesmo dia em que um oficial do Serviço de Informações de Segurança ficou em prisão preventiva acusado de vender em Roma segredos da NATO a um espião russo, a secreta reconheceu o interesse de serviços congéneres estrangeiros em operarem em Portugal.

“A par da recolha, por métodos clandestinos, de informação sensível e classificada de natureza política e militar, estas entidades [secretas e organizações de fachada de outros países] centram hoje parte da sua actividade na obtenção de informação com valor económico”, assegura o documento dos serviços liderados por Júlio Pereira, secretário-geral do SIRP. “Se alcançados os seus objectivos – a recolha de informação privilegiada – tal significaria, para Portugal, um sério comprometimento da segurança interna”, assinala o texto.

Noutro parágrafo, é reconhecido que tal situação, “para além de colocar ameaças à segurança interna, pode causar perturbações nas relações externas.” Mais adiante, o documento dos serviços de informações especifica que a espionagem económica não é apenas efectuada por secretas, mas também por empresas estrangeiras.

“As empresas que integram uma forte componente de inovação tecnológica e que mais contribuem para o crescimento das exportações são alvo, muitas vezes, de operações de furto de conhecimento e de quadros qualificados ou de aquisições tendo em vista o controlo dos órgãos de gestão, expediente através do qual passam a favorecer interesses económicos estrangeiros”, refere o texto.

Noutros pontos da análise à actividade de 2015, o SIRP aborda questões já tradicionais. Da disseminação em várias partes do mundo da ameaça jihadista à ciberespionagem. Quanto ao primeiro aspecto, a secreta considera que o regresso à Europa “ou a território nacional” de combatentes portugueses na Síria e no Iraque “não deixa de representar um sério risco para a segurança interna comum e nacional.”

A secreta alerta que Portugal não está imune aos efeitos da propaganda jihadista por Internet, em especial pelo autoproclamado Estado Islâmico. “Não obstante o facto de Portugal não se constituir como alvo prioritário (…) a inserção no espaço europeu e a proximidade ao norte de África, a que acresce a existência de fortes interesses portugueses, justificam o acompanhamento deste fenómeno”, acentua.

Já sobre a ciberameaças, o documento assinala o aumento de ataques informáticos, sobretudo na banca online. “A cibercriminalidade informática tem alcançado um elevado grau de sucesso na exploração das vulnerabilidades securitárias existentes, situação que lhe tem permitido atingir elevados patamares de rentabilidade”, reconhece.  

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