Portas prevê que África possa ser a China do séc. XXI

Ex-vice-primeiro-ministro foi orador num fórum em Marrocos que durante seis dias debateu o futuro de África e a cooperação regional.

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Nuno Ferreira Santos

Mesmo admitindo que a comparação possa parecer “exagerada”, o antigo vice-primeiro-ministro Paulo Portas defendeu este fim-de-semana que África “pode ser neste século o que a China conseguiu ser no último quartel do século XX depois das reformas de Deng Xiaoping”.

Participando como orador convidado no Crans Montana Forum, em Marrocos (em Dakla e durante um cruzeiro até Casablanca), que reuniu durante seis dias mais de mil decisores africanos, Paulo Portas considerou que as três condições para o continente africano crescer de forma sustentada são a “estabilidade política, a segurança jurídica e a abertura económica”.

“Depende das liderança africanas dar estas garantias e fazer do seu o continente das oportunidades”, aconselhou, assinalando que África deve aproveitar as actuais fraquezas dos outros continentes para aparecer como uma “oportunidade. Lembrou a “moderada desaceleração na Ásia”, que a cultura dos direitos adquiridos da Europa “só garantem um crescimento modesto”, e que “até na muito flexível sociedade americana se revelam os receios da globalização”. Portas aconselhou o investimento em tecnologia e em parcerias – “o que alguns países europeus sabem fazer sem paternalismos e percebendo que +artilhar o futuro é mais importante do que recordar o passado”.

De acordo com os tópicos da intervenção de Paulo Portas a que o PÚBLICO teve acesso, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros elogiou a “paz civil, estabilidade política, crescimento económico e reformas sociais inclusivas” de Marrocos, país que “não teve de esperar por qualquer ‘Primavera’ porque as reformas foram feitas a tempo”, e que deveria “constituir uma prioridade europeia”.

Sobre a Síria, Portas afirmou que “não há inocentes” naquele conflito e que “o Ocidente em geral e a Europa agiram sem qualquer realismo na questão”. A intervenção deveria ter passado pela ONU e por um acordo com a Rússia. Criticou o facto de países europeus terem fornecido armamento à oposição síria – realçando que Portugal foi dos poucos a opor-se ao fim do embargo de armas ao país -, que “foi como pôr um fúsil na mão de quem no dia seguinte liquidará cristãos, judeus, alauitas ou moderados islâmicos”.

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