Portas, o “senhor bacalhau”, foi animar a campanha da Aliança Portugal

O líder do CDS foi o protagonista da manhã de campanha. Numa fábrica de transformação de bacalhau, ouviu o empresário queixar-se: antes havia dinheiro e não havia bacalhau, agora há bacalhau e não há dinheiro.

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Portas nunca se queixou do forte cheiro a bacalhau Miguel Nogueira

A mesa oval está posta. Há pratos generosos de pastéis e bolos de bacalhau (depende da forma que tomam) e carpaccio de bacalhau com azeite e morangos. Na sala de reuniões desta empresa exportadora de sucesso, o pequeno lanche esperava o protagonista da manhã da campanha da Aliança Portugal: Paulo Portas.

Numa visita à fábrica de transformação de bacalhau, em Aveiro, o líder do CDS deu beijinhos às trabalhadoras, deixou-se fotografar e puxou pelos candidatos Paulo Rangel e Nuno Melo. E disse como gostava do bacalhau: “Com leite e azeite, fica fofo, uma maravilha.” Também aprecia “à Gomes de Sá”. O número um da lista assumiu concordar com os elogios ao bacalhau. Tal como na coligação, Rangel concorda com Portas “quase sempre”. E no bacalhau? “E de que maneira. É o senhor bacalhau.”

Com a ria de Aveiro como cenário, o líder do CDS começou por provar os pastéis e convidou toda a comitiva a fazer o mesmo, especialmente os jornalistas que tinham o microfone à espreita: “Antes de fazerem perguntas não querem provar um pastel de bacalhau?”

Erguendo um copo de vinho branco, Portas brindou “à saúde dos empresários que dão postos de trabalho, à saúde dos exportadores e à saúde do bacalhau português em todo o mundo”. E a Portugal, “naturalmente”.

A fábrica de transformação de bacalhau que exporta todo o seu produto foi o exemplo que Portas escolheu para voltar, ainda que por uma manhã, ao terreno da campanha dos partidos da coligação. De touca azul e bata branca de plástico, o líder do CDS percorreu as instalações, fez perguntas, cumprimentou os trabalhadores e pousou para os telemóveis.

Já tirou selfies? É a provocação de um jornalista para lembrar a imagem de António José Seguro ao lado de Martin Schulz, mais tarde adulterada com figuras dos marretas. “Já tirei várias selfies, mas não são arranjadinhas”, gracejou, enquanto vai contornando a maquinaria para dar mais um beijinho a outra trabalhadora. Mais à frente, pega numa posta de bacalhau e faz pose para as câmaras. Há um cheiro intenso que incomoda, mais ainda na fase de demolhar as postas. Se Portas enjoou, nunca se queixou.

A empresa é de Rui Sousa e Costa, um empreendedor que vive em Aveiro há 40 anos e comprou a fábrica há 15. É do tempo em que “havia dinheiro e não havia bacalhau”. Agora, “há bacalhau e não há dinheiro”. Risos na comitiva.

O empresário já só deseja “saúde”, porque o país “herdou uma situação difícil”. A culpa é do PS, diz, o que vai bem com o discurso dos candidatos da Aliança Portugal. Mas aponta responsabilidades para outro protagonista do anterior Governo. “O grande culpado foi Teixeira dos Santos. Não foi o engenheiro Sócrates, esse não sabe fazer contas”, comenta Rui Costa e Sousa, provocando risos na comitiva.

Mas causa também o embaraço quando atira sobre o ex-primeiro-ministro: “Devia era estar preso.” A visita termina com declarações aos jornalistas. Portas elogia a “gente trabalhadora” do distrito. E faz tiro ao alvo contra a “glorificação” de Sócrates. 
 

   

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