Portas está a pensar numa “missão empresarial mexicana em Portugal”

A Mota-Engil, a maior empresa portuguesa a investir no México, esteve em destaque no primeiro de três dias de visita oficial do Ministro dos Negócios Estrangeiros ao país sul-americano.

“Estamos a pensar numa missão empresarial mexicana em Portugal”, revelou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas citado pela Lusa, esta segunda-feira, no primeiro dia da visita oficial de três dias ao México, dedicada à diplomacia económica. O crescimento de 3,7% em 2011, segundos dados do FMI, o “mercado potencial de 115 milhões de pessoas e a participação do México na Aliança do Pacífico são algumas das justificações para esta aposta.

Paulo Portas disse que Portugal está “aberto ao investimento mexicano”, mas enfatizou a importância do reforço das exportações portuguesas para o México que, segundo o Instituto Nacional de Estatística, recuaram 6% no primeiro trimestre de 2013, relativamente ao mesmo período no ano anterior.

“Ganhar mercados no exterior e internacionalizar-se é não só estar à frente do mundo global mas também proteger a retaguarda num mundo que é difícil”, precisou o ministro, acrescentando que, com a articulação da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) com outros ministérios, tem “o dever de promover as exportações portuguesas e trazer investimento estrangeiro para Portugal”.

O primeiro dia da visita oficial ao México ficou marcado pelo encontro da delegação portuguesa com uma comitiva da empresa portuguesa Mota-Engil, que incluiu o presidente do concelho de administração da empresa, António Mota, o presidente da AICEP, Pedro Reis, e o embaixador de Portugal, João Caetano da Silva.

A primeira obra, um troço de 60 quilómetros que liga a Cidade do México a Veracruz é, na opinião de António Mota, “uma das obras de melhor qualidade aqui feitas”, acrescentando que o México é um país “prioritário” para a sua empresa, presente no país latino-americano há cinco anos.

O responsável pela Mota-Engil precisou que a empresa tem “hoje uma carteira de encomendas na ordem dos 350 milhões de dólares (267 milhões de euros) já garantidas que deverá ser a muito curto prazo praticamente dobrada” sendo o objectivo para o final deste ano e início do próximo “uma carteira de encomendas global no México de mil milhões de dólares (763 milhões de euros) ”.

Em pleno centro da cidade, o ministro dos Negócios Estrangeiros observou a repavimentação integral da Avenida Lázaro Cardenas, e diversos troços de auto-estrada fora da cidade. Seguiu-se uma recepção e almoço no palácio do governador Javier Duarte de Ochoa que sublinhou o “enorme potencial” do país em diversas intervenções, e recebeu com entusiasmo um convite para visitar Portugal ainda este ano.

António Mota garantiu que “no processo de privatizações que está a decorrer no México, a Mota-Engil vai fazer sempre associações com empresas locais”, colocando-se a “tendência" no seu “know-how, que está na construção”. Actualmente, a empresa já está envolvida em duas pequenas obras de caminhos-de-ferro no norte do México.

Acerca das privatizações, Paulo Portas defendeu que as “decisões económicas” não devem “ser tomadas por preconceito” e que “se houver uma companhia europeia, e outra que não é europeia, por exemplo da América Latina, por exemplo do México, que se candidata a uma privatização, se a proposta não europeia tiver mais postos de trabalho, mais investimento, mais financiamento, mais potencial, então é essa que deve ganhar”, afirmou.

Adoptar decisões de “forma objectiva, pragmática e de acordo com os melhores padrões internacionais” foram aspectos também sublinhados pelo chefe da diplomacia portuguesa, porque “fazer bem as privatizações” pode contribuir para a redução da dívida pública, como sustentou.

“É bom que as pessoas tenham a noção que, com estes contratos, a Mota-Engil está a proteger 4500 postos de trabalho que tem em Portugal e os 1.300 portugueses que tem espalhados por todo o mundo”, sublinhou o ministro dos Negócios Estrangeiros, referindo que o México já se afirma como o terceiro cliente português na América Latina.

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