Políticos não são todos iguais: "Aquilo que prometo cumpro", diz Seguro

A comparação de carácteres chegou à campanha eleitoral autárquica pela voz do líder socialista.

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Seguro diz que uma das coisas que contribui para o “descrédito” da política “são os políticos que prometem uma coisa para ganhar o voto das pessoas e depois chegam ao poder e fazem o contrário”. Adriano Miranda

O secretário-geral do PS procurou esta quarta-feira traçar diferenças de carácter entre si e o primeiro-ministro, dizendo que cumpre o pouco que promete e que Passos Coelho faltou à palavra ao cortar nas pensões da função pública.

António José Seguro falava num almoço de campanha eleitoral em Ansião, concelho do interior do distrito de Leiria que é considerado um bastião do PSD desde 1976 e em que os socialistas candidatam a independente Teresa Fernandes.
“Faço poucas promessas e posso ser acusado disso. Não me importo, mas os portugueses podem ter a certeza de uma coisa: Aquilo que prometo cumpro”, declarou o líder socialista, antes de assumir o compromisso de o PS se opor à proposta de lei do Governo com todos os meios possíveis, incluindo por via do Tribunal Constitucional.

“E se mesmo assim a lei continuar em vigor, o PS, quando chegar ao Governo, revogá-la-á, porque essa lei é de uma enorme indignidade e imoralidade”, considerou.

Nos ataques que fez ao executivo PSD/CDS, Seguro começou por dizer que o Governo projectou encerrar tribunais, “mas escondeu a folhinha” agora por causa das eleições autárquicas, acusando em seguida Pedro Passos Coelho de contribuir para a descredibilização da política.

“Todos nós sabemos, infelizmente, o que vale a palavra do primeiro-ministro”, apontou, numa alusão ao facto de Pedro Passos Coelho ter dito em 2011, antes das legislativas, que não cortaria nas pensões. Ora, de acordo com Seguro, uma das coisas que contribui para o “descrédito” da política “são os políticos que prometem uma coisa para ganhar o voto das pessoas e depois chegam ao poder e fazem o contrário”.

“As pessoas concluem que os políticos são todos iguais, mas não somos todos iguais na vida e também não somos todos iguais na vida pública ou política”, sustentou o secretário-geral do PS.

A manhã de campanha eleitoral do secretário-geral do PS começou em Peniche, município em que a CDU obteve maioria absoluta de mandatos nas autárquicas de 2009 e onde os socialistas apostam no regresso do ex-presidente da Câmara até 2005, Jorge Gonçalves.

Um dia depois do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, o líder socialista visitou também a fábrica Nigel, com 55 anos de actividade, dedicada à transformação de peixe. Seguro ouviu a explicação do empresário sobre os projectos de crescimento da empresa em fase de plena crise económica nacional.

“Fizemos um investimento, remodelámos os equipamentos e, quando a crise passar, estaremos em velocidade de cruzeiro”, disse o empresário, adiantando que a Nigel exporta 50 por cento da sua produção, sobretudo cavala, sardinhas e polvo embalado.

A visita teve alguns momentos de humor. O dirigente socialista Óscar Gaspar (especialista nas áreas económica e financeira, e um dos assessores de Sócrates que reuniu como ex-secretário de Estado do Tesouro que se demitiu em Agosto e que enquanto quadro do Citigroup tentou vender swaps ao Governo) questionou o empresário sobre o recurso a seguros de crédito, mas a resposta foi negativa, alegando que a alternativa aos seguros “é filtrar os clientes”. Seguro interrompeu a conversa com uma nota de humor: “Mas olhe que o Seguro olha pela vossa vida. Este Seguro aqui?”, disse, apontando para o seu peito.

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