Pizarro desafia direcção do PS e diz que também ele denunciou cadernos eleitorais falsos

Líder da concelhia do Porto solidariza-se com a ex-coordenadora da secção da Sé Nova do PS de Coimbra, que foi expulsa do partido por ter denunciado militantes fantasmas nas listas do PS.

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Manuel Pizarro lança repto à direcção do PS DATO DARASELIA

O dirigente socialista Manuel Pizarro desafia a direcção nacional do partido a não ser medrosa em relação a si por que, tal como Cristina Martins, também ele denunciou a existência de “cadernos eleitorais aldrabados” nas eleições para a concelhia do PS-Porto, estrutura à qual preside.

“Na sequência das eleições para a concelhia do PS-Porto, em Dezembro de 2013, eu acusei em público a direcção nacional do partido de ter aldrabado os cadernos eleitorais e estou disponível para acarretar todas as consequências políticas e disciplinares dessas minhas declarações”, declarou ao PÚBLICO Manuel Pizarro.

Solidário com Cristina Martins, antiga secretária-coordenadora da secção das Sé Nova do PS de Coimbra, expulsa há dias do PS, o presidente da concelhia do Porto afirma: “Espero que os perseguidores da minha camarada Cristina Martins não se revelem, afinal, medrosos em relação a mim, porque também eu denunciei a existência de cadernos eleitorais aldrabados”.

Cristina Martins foi expulsa este mês depois de ter denunciado, em 2011, ao Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra, a existência de falsas inscrições no PS de militantes com “moradas que não existem, moradas erradas e duplas filiações” entre outros casos.

Na sequência deste caso, um grupo de militantes apelou numa carta dirigida ao secretário-geral do partido, António José Seguro, a suspensão das eleições para a federação socialista de Coimbra, marcadas para 6 de Setembro, por temer que os cadernos eleitorais estejam “viciados”.

Manuel Alegre já se manifestou desconfortável com a expulsão de Cristina Martins, considerando-a uma militantes “exemplar” na sua secção da Sé Nova, em Coimbra.

Para Manuel Alegre, “o problema não está no facto de Cristina Martins ter comunicado uma fraude relativa a falsas inscrições no PS, o problema está nessa alegada fraude em si mesma que, além de estar a ser investigada pela Polícia Judiciária, deveria igualmente ser investigada pelos órgãos competentes do PS”.

“Estou muito incomodado e considero, tal como António Campos, que há neste assunto um problema de ética. Não basta apregoar a ética, é preciso cumpri-la”, afirma ainda Alegre, frisando que “esta situação tem de ser repensada e esclarecida para salvaguarda do bom nome do PS de Coimbra.

Menos de uma semana depois de ter sido expulsa, ex-dirigente socialista recorreu para a Comissão Nacional de Jurisdição e aguarda agora pela decisão do órgão de fiscalização do partido, mas vai avisando que se a jurisdição nacional decidir no mesmo sentido avançará para o Tribunal Constitucional e “se preciso for” para o Tribunal Europeu.

“Não vou deixar isto parado, porque não reconheço a nenhuma das pessoas que votou a minha expulsão valores socialistas suficientes para avaliar quem pode ou não ficar no PS, porque crime de delito de opinião existia no tempo de Salazar”, declarou ao PÚBLICO a ex-dirigente da federação distrital do PS de Coimbra.

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