Pires de Lima diz que Portas é o líder incontestável do CDS

Presidente do conselho nacional do CDS-PP admite ter ficado surpreendido com demissão de Portas e diz que preferia que não tivesse acontecido. Mas garante que se está a trabalhar num acordo que "assegura a estabilidade da coligação até 2015".

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Pires de Lima diz que “o partido confunde-se até muitas vezes” com Paulo Portas Paulo Pimenta

O presidente do conselho nacional do CDS-PP considera que, “apesar de tudo aquilo que se passou na última semana, o dr. Paulo Portas é o líder incontestável” do partido. Em entrevista à Antena 1, António Pires de Lima não excluiu a hipótese de virem a surgir mais candidatos à liderança centrista, mas reforçou que “o CDS tem uma liderança bastante personalizada” em Paulo Portas e afirmou que “o partido confunde-se até muitas vezes” com o actual líder.

Pires de Lima escusou-se a adiantar grandes pormenores sobre as negociações que decorrem entre o primeiro-ministro e Paulo Portas, mas assegurou que o acordo passa pela “inclusão do CDS no Governo, assegurando a estabilidade até ao fim da legislatura”. Contudo, salientou que ainda falta que a solução seja aprovada pelo Presidente da República.  Cavaco Silva ainda vai ouvir todos os partidos e deve ter “todo o tempo necessário para tomar a sua decisão”.

Quanto à desmarcação do congresso popular que estava previsto para este fim-de-semana, o presidente do conselho nacional do partido justificou que não faria sentido ter um encontro em que não se apresentasse a solução acordada pelo Governo. “Não só concordo, como acho essencial”, referiu. Pires de Lima explica que o mais correcto é adiar o congresso para os dias 20 e 21 de Julho, atendendo a que a solução que Pedro Passos Coelho apresentou a Cavaco Silva ainda não foi validada e que o Presidente da República ainda vai ouvir os partidos políticos.

Neste contexto, na mesma entrevista à Antena 1, reconheceu a possibilidade de aparecerem outros candidatos à liderança do partido, até por ser “saudável do ponto de vista democrático”, mas defendeu que não é fácil “visualizar uma mudança de líder num momento conturbado como este". E deixou claro que não será candidato: “Não tenho ambição de liderar um partido político.”

Pires de Lima reconheceu ainda que percebe que Paulo Portas tenha surpreendido os portugueses e mesmo os militantes do partido e aliados mais próximos com a sua demissão e disse que preferia que tal não tivesse acontecido e que o líder do CDS tivesse antes permanecido como ministro dos Negócios Estrangeiros: “Enquanto seu amigo compreendo a grande pressão a que está sujeito, as grandes dificuldades do cargo que tem, mas é evidente que eu preferia que não tivesse tomado a decisão e não tivesse feito a comunicação que fez ao país na terça-feira."

Questionado novamente sobre o acordo entre Passos Coelho e o líder do CDS, Pires de Lima voltou a frisar que não adianta pormenores, mas que é uma “solução de princípio que assegura a estabilidade da coligação até 2015” e que pretende “segurar a coesão desta coligação”. E acrescentou que “é preciso atravessar este momento difícil rapidamente” para “evitar a todo o custo que o caso português entre numa onda eleitoral que aproxime Portugal da Grécia e de um segundo resgate”.

As declarações do presidente do conselho nacional do CDS-PP surgem no final da semana que arrancou com uma crise política. Na segunda-feira o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, apresentou a sua demissão e na terça-feira foi a vez do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas – em parte por não concordar com a escolha da secretária de Estado Maria Luís Albuquerque para suceder a Vítor Gaspar na pasta das Finanças, justificando que isso representa uma manutenção no caminho até agora seguido.


Pires de Lima defendeu, aliás, recentemente, uma posição aproximada à de Portas, dizendo ser necessário o Governo abandonar um discurso “que é uma espécie de apologia do empobrecimento”.
 

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