Pires de Lima defende alterações na orgânica do Governo

Dirigente centrista acredita que solução negociada entre Portas e Passos garante a estabilidade do Governo até ao fim da legislatura.

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Pires de Lima admite que “excessiva burocracia” tem sido um entrave às empresas Rui Gaudêncio

O presidente do conselho nacional do CDS-PP, António Pires de Lima, que nesta sexta-feira esteve reunido com Paulo Portas, defendeu nesta noite que uma solução “sólida e estável” para a manter a coligação governamental passe por uma “definição de prioridades” e uma nova “estruturação do Governo”.

Em entrevista à TVI, Pires de Lima garantiu ter sabido pelos media que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas chegaram a acordo sobre o futuro da coligação, escusando-se a “especular” sobre a proposta levada a Belém pelo primeiro-ministro. Mas confirmou ter estado em contacto com Portas nos últimos dias em nome de uma solução que dê estabilidade política.

Para o dirigente centrista, é “natural” que o Presidente da República “se tenha sentido perplexo” com o turbilhão de acontecimentos dos últimos dias, mas mostrou-se esperançado de que o entendimento entre Passos e Portas convença Cavaco Silva.

“Compete ao presidente do PSD e do CDS apresentarem essa solução ao país”, começou por dizer, para mais à frente admitir que tal deveria passar por um alinhamento das prioridades políticas e por uma avaliação da estrutura e da orgânica do executivo, olhando para as “aprendizagens” dos últimos dois anos.

Para Pires de Lima, a solução de acordo Passos-Portas deve “sólida e estável”. Não só que garanta que o Governo cumpre a legislatura até ao fim, mas também que marque um “segundo ciclo governativo”. E a prioridade deve ser dada à economia, defendeu.

Questionado sobre a hipótese de Portas recuar e continuar no Governo, Pires de Lima não se quis pronunciar. “Dei-lhe o conselho que entendi, que não vou obviamente partilhar”. O importante neste momento é garantir uma solução que assegure a continuidade da coligação até Outubro de 2015, acrescentou, insistindo na ideia que já defendera em entrevista à Antena 1.

Se, quanto à presença de Portas no Governo não abriu o jogo, sobre a liderança do CDS, não teve dúvidas em afirmar que “o pior que poderia acontecer” ao partido era discutir a liderança nesta altura. E afastou a hipótese de se candidatar à liderança, dizendo não ser essa a sua vocação, nem uma responsabilidade que o fizesse feliz. “Está demonstrado que não tenho vocação nenhuma”, insistiu.

Assertivo quanto ao partido, Pires de Lima não abriu, porém, o jogo quanto a uma eventual entrada no Governo. Confrontado com essa hipótese, disse não querer “alimentar ainda mais especulações” e insistiu ter “enorme prazer” em estar na vida empresarial (como presidente executivo da Unicer).

Pires de Lima falava, na entrevista à TVI, sobre a necessidade de reforçar a área económica do Governo e foi nesse contexto que referiu nunca ter entendido que tal “passasse pela discussão de nomes” para a pasta da Economia, mas antes pela definição de uma política de fundo. Sobre Álvaro Santos Pereira, fez, aliás, questão de elogiar: “Tem feito um trabalho de resistência que admiro bastante [atendendo às circunstâncias da crise]”.

Em relação à demissão de Paulo Portas, não quis ”qualificar o acto”, nem comentar o facto de este ter dito que era irrevogável a sua decisão de sair do executivo. Confessou ter-se sentido “angustiado terça e quarta-feira” com a crise política aberta pela carta de Portas. “É com angústia que tenho vivido estes últimos dias”. Mas contrapôs que, “depois dessa terça-feira”, foram dados “passos muito importantes” para manter a coligação.

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