Marisa Matias recebe cartas de apoio de personalidades da cultura

Lista de apoiantes inclui o músico Sérgio Godinho, o dramaturgo Abel Neves, o pianista António Pinho Vargas, Tó Trips dos Dead Combo e as escritoras Ana Luísa Amaral e Luísa Costa Gomes.

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Marisa Matias está na corrida a Belém com o apoio do Bloco de Esquerda Guilherme Marques

“A Marisa é de confiança” é o título de uma carta que o músico Sérgio Godinho escreveu para dar o seu o apoio à candidata à Presidência da República Marisa Matias. A do dramaturgo Abel Neves termina assim: “Eu cá apoio os desígnios de Marisa Matias.” São apenas dois exemplos de nomes do universo da cultura que estão do lado da candidatura apoiada pelo Bloco de Esquerda na corrida a Belém.

Sérgio Godinho salienta o que considera serem “as qualidades” de Marisa Matias: um “olhar atento aos outros, muitas provas dadas em palcos europeus, viagens a territórios e países difíceis e complicados, sempre para perceber e agir em consequência”. Para o músico, Marisa Matias “é de confiança, pratica-a na política e na vida”.

A candidata que, em 2011, foi eleita por voto secreto eurodeputada do ano na área da saúde, acumula várias funções no âmbito do cargo que ocupa desde 2009. Anda por toda a Europa. O trabalho leva-a ainda ao Líbano, à Síria, à Jordânia, ao Egipto.

Na carta que também escreveu, o dramaturgo e romancista Abel Neves escolhe o narrador de um dos contos de Adélia Prado, no livro Solte os cachorros, para expressar o seu apoio. Diz esse narrador: “Eu, se fosse governo (…) escolhia pra meus ajudantes só gente que tivesse duas coisinhas à-toa: honestidade e competência.” No caso trata-se da Presidência da República mas, para Abel Neves, o argumento mantém-se: “Sabemos que a sua arte na política é a de servir os interesses da República e fazê-lo, precisamente, com honestidade e competência.”

Aos elogios à candidata, o dramaturgo junta críticas ao actual Presidente Cavaco Silva. Fala em “dez penosos Invernos mais outros tantos Outonos, Primaveras e Verões”. Numa “sorumbática presença em Belém”, num “ambiente soturno”, num “amigo de falas tristonhas”, “quase sempre dizendo sobre assuntos politicamente relevantes que quase nada podia dizer”. Mais e “pior”: “Cúmplice, na sombra, de uma galeria de jogadores fazendo contorcionismos perigosos na roda da economia e, claro, da política.”

Ora, defende Neves, “Marisa Matias na Presidência da República dará um novo ânimo às práticas da política”. O dramaturgo acredita que dará “voz aos mais urgentes problemas sociais, potenciando os direitos de cidadania, possibilitando a incineração de injustiças, renovando as tão necessárias lavouras da cultura”. Refere também o “excelente trabalho demonstrado e reconhecido no Parlamento Europeu”, o “constante e sério empenho na vida social e académica”.

Aos 39 anos, Marisa Matias já fez limpezas, serviu em bares, cafés, foi secretária da Revista Crítica de Ciências Sociais, ligada ao Centro de Estudos Sociais (dirigido e fundado por Boaventura de Sousa Santos), onde acabaria por ser investigadora. Fez o doutoramento em saúde ambiental e movimentos ambientalistas, na Universidade de Coimbra. Hoje a investigação está suspensa, está em exclusividade no lugar de eurodeputada. Foi dirigente e vice-presidente da Pró-Urbe, Associação Cívica de Coimbra, esteve envolvida em movimentos, como o Juntos pela Cultura, o de luta contra a co-incineração ou a Não Te Prives.

Entre outros, a lista de apoiantes inclui ainda Ana Deus, vocalista dos Três Tristes Tigres e ex-Ban; Tó Trips dos Dead Combo; os pianistas Amílcar Vasques-Dias e António Pinho Vargas; a jornalista Diana Andringa; a poeta Ana Luísa Amaral; a escritora Luísa Costa Gomes; o crítico de jazz José Duarte; os actores Pedro Lamares e Rui Spranger; a pintora e escultora Margarida Lagarto. Há ainda duas apresentadoras de televisão: Rita Ferro Rodrigues e Iva Domingues. E o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, Paulo Ralha.

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