PCP: Protesto das forças de segurança é mais importante que "ilegalidade" da invasão das escadas

PCP reuniu-se com a Comissão Coordenadora dos Sindicatos das Forças de Segurança que promete novos protestos se o Governo não der respostas às suas reivindicações.

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O líder sindical da PSP promete que os protestos vão continuar. REUTERS/Rafael Marchante

Uma semana depois da manifestação de todas as forças de segurança do país que ficou marcada pela subida da escadaria do Parlamento, o PCP fala da "justeza" dos objectivos destes trabalhadores enquanto os polícias prometem mais acções de protesto enquanto não receberem respostas do Governo de maioria PSD-CDS.

No dia em que Jerónimo de Sousa comemora nove anos à frente do Partido Comunista Português, recebeu na sede do partido na Rua Soeiro Pereira Gomes a Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança.

De acordo com o presidente da direcção da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Rodrigues, o encontro serviu para revelar ao partido “a ideia muito exacta” daquilo que é o sentimento e as reivindicações das forças de segurança. A intenção é que o PCP possa, de alguma forma, “ajudar os polícias a sair desta situação para que a segurança dos portugueses não fique fragilizada”, acrescentou o líder sindical.

O secretário-geral do PCP assumiu a preocupação do partido em relação às condições sociais e profissionais dos agentes de segurança pública e saudou a dimensão da manifestação do passado dia 21, “a sua grandeza e os seus objectivos”, assumindo que a subida da escadaria do Parlamento não é o assunto fundamental a ser discutido.

De acordo com Jerónimo de Sousa as forças de segurança subiram “uns degraus acima no protesto e na indignação”. Citando um poema de Bertolt Brecht, o líder comunista realçou que “todos falam do rio que é violento mas nunca falam das margens que o apertam”, dando a entender que a violência parte do Governo e não dos manifestantes.

Jerónimo de Sousa considerou fundamental a “justeza” dos objectivos que levaram agentes de todas forças de segurança do país à manifestação que se realizou há uma semana às portas da Assembleia da República.

“O que é mais violento? Não será mais violenta a destruição de vidas, a destruição também de condições para uma vida digna por parte destes profissionais?”, questionou o secretário-geral do PCP.

O líder do Partido Comunista Português referiu ainda que o Governo, que “está sempre a invocar deveres e regras”, esquece a missão de respeitar “simultaneamente” os direitos de quem exerce uma “função tão sensível”.

À saída do encontro, o líder sindical Paulo Rodrigues informou que as acções de protesto são para continuar “dentro da legalidade” e com “responsabilidade” até que a Comissão Coordenadora obtenha por parte do Governo “respostas de acordo com aquilo que espera”.

Paulo Rodrigues fez ainda saber que os profissionais da polícia não podem aceitar “que o Governo continue a ignorar” os seus problemas. O líder sindical dos polícias deixou críticas ao Executivo, afirmando que “a ilegalidade [das decisões de Pedro Passos Coelho] é tanta que vai prejudicando os direitos dos profissionais e os próprios profissionais já não sabem bem até onde vai a legalidade e a ilegalidade”.

E insistiu: “As ilegalidades que têm sido cometidas contra os profissionais são muito maiores que aquela pequena ilegalidade de subir uns degraus da escadaria da Assembleia da República."

As forças de segurança reivindicam a manutenção dos subsídios de fardamento, o acesso a melhores condições de saúde e o recuo nos cortes salariais e no diploma que promete colocá-los lado a lado com a função pública.

No dia 11 de Dezembro a Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança reúne com o PSD, não havendo ainda nem resposta nem data marcada para um eventual encontro com o CDS-PP.
 
 
 
 
 
 

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