PCP recusa "instabilidade social" em nome da "estabilidade governativa"

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Jerónimo de Sousa Foto: Raquel Esperança/arquivo

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, avisou hoje o primeiro-ministro, José Sócrates, que os comunistas recusarão a "instabilidade social" em nome da "estabilidade governativa", a propósito do Orçamento de Estado para 2011.

O líder comunista falava durante um discurso de quase uma hora no comício de encerramento da Festa do Avante, perante milhares de apoiantes, respondendo ao secretário-geral do PS, que no comício de sábado em Matosinhos desafiou quem pretende abrir uma crise política a pretexto do debate orçamental a assumir claramente essa posição.

A preparação do próximo orçamento motivou "uma espécie de jogos florais de Verão entre PS e PSD", com os dois partidos a "encenarem uma crise política, para melhor camuflar as suas conivências e acordos para manter aberto o caminho do rotativismo", considerou ainda o líder comunista.

Jerónimo de Sousa pediu aos militantes comunistas para não terem ilusões.

"Se com o PS nada mudou na vida difícil dos portugueses, ao contrário, tudo piorou, com o PSD, com ou sem o CDS, nada mudaria e tudo continuaria a agravar-se. É a política ao serviço dos grandes interesses que continua, é a política das injustiças sociais e da concentração da riqueza que permanece", sustentou.

Sobre o Orçamento do Estado (OE) para o próximo ano, Jerónimo de Sousa afirmou que é marcado "pela suicida e inaceitável decisão da antecipação do calendário da redução do défice" e que vai criar "mais gravosas medidas de austeridade e novos cortes nos direitos sociais".

O líder do PCP anunciou que os comunistas vão voltar a propor, no âmbito da discussão para o próximo OE, a revogação da taxação adicional do IRS, "que constitui um verdadeiro roubo nos salários"; o aumento do salário nacional para 600 euros até 2013; um aumento salarial para os trabalhadores da administração pública; e o alargamento do acesso ao subsídio de desemprego.

"Apresentaremos as iniciativas urgentes para que os cortes no acesso às prestações sociais não se concretizem da forma que o Governo pretende", anunciou Jerónimo de Sousa, prometendo ainda retomar as propostas comunistas em matéria fiscal, nomeadamente um novo imposto sobre as transações em bolsa e transferências financeiras para os paraísos fiscais, o fim dos benefícios fiscais no offshore da Madeira, entre outras.

"Eles dizem que não há dinheiro, camaradas. Há dinheiro, é preciso é ir buscá-lo onde há e não aos bolsos de quem já tem pouco ou não tem nada", sublinhou.

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