PCP não renuncia à "convergência" de esquerda

Discurso de encerramento do XIX Congresso do PCP pelo secretário-geral, reeleito por mais quatro anos. Partido tem uma “alternativa” para o país, num momento em que o Governo "já não tem legitimidade".

Jerónimo de Sousa, reeleito secretário-geral do PCP, afirmou neste domingo, no encerramento do XIX Congresso do partido, em Almada, que os comunistas não renunciam à convergência. Mas deixou um aviso ao PS.

O líder comunista, secretário-geral desde 2004, reforçou a disponibilidade do partido para o diálogo e para a convergência. Jerónimo avisou, no entanto, que o PS continua refém das políticas da direita e “abaixo-assinante” do memorando da troika.

“O PS não dá resposta à contradição fundamental que é a de saber se é possível uma alternativa verdadeiramente de esquerda, mantendo-se comprometido e identificado com a política de direita em questões fundamentais”, sublinhou o secretário-geral do PCP.

Disponível para o diálogo mas sem abdicar daquilo que é o partido, continuou: “Nós dissemos e dizemos que não renunciamos à convergência, ao diálogo com forças sociais e sectores democráticos em tudo o que for bom para os trabalhadores, para o povo e para o país. Mas ninguém peça ou exija ao PCP que deixe de ser o que é.”

Jerónimo de Sousa condenou ainda, à semelhança do que fizera na intervenção de abertura do congresso, na sexta-feira, “a estafada alternância” no poder entre PS, PSD e CDS. Para romper com a lógica de rotativismo, insistiu no reforço eleitoral do PCP e na necessidade “urgente de uma outra política e um outro governo”.

O guião de propostas políticas foi novamente descrito pelo líder comunista: renegociar a dívida, apostar na produção nacional e nas empresas estratégicas do país, colocar a economia a crescer e criar emprego, devolver salários e pensões e garantir o Estado Social.

Jerónimo de Sousa defendeu ainda que o Governo de Passos Coelho já não tem a base social de apoio de que dispunha há um ano e meio e, disse, se o executivo é legal, já deixou de ser “legítimo”.

“Terá legalidade mas já não tem legitimidade para prosseguir a sua obra destrutiva, porque mentiu, rompeu o compromisso que estabeleceu com muito dos seus votantes, porque está a tornar num inferno a vida de milhões de portugueses desempregados, empobrecidos, arruinados, porque a sua opção é servir apenas os poderosos, o capital financeiro e os grandes grupos económicos, custe o que custar”, afirmou.

Durante a intervenção, Jerónimo de Sousa foi aplaudido de pé pelos mais de 1250 congressistas. Os comunistas voltam a reunir-se em congresso daqui a quatro anos.

 

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