PCP e Bloco vão cada um na sua bicicleta, mas na mesma estrada

Partidos reuniram-se na sede bloquista. Convergência de políticas, sim, mas sem “arranjos eleitorais”.

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A reunião entre BE e PCP durou pouco mais de uma hora Rui Gaudêncio

Cada um na sua bicicleta, porém na mesma estrada. De vez em quando, partilham a buzina nos “atropelos” do Governo à Constituição. A reunião entre o BE e o PCP ultrapassou esta sexta-feira a fasquia da uma hora. No final do encontro houve, como há um ano, convergência na análise da situação política, mas sem “arranjos eleitorais”.

Jerónimo de Sousa e João Semedo, respectivamente secretário-geral do PCP e coordenador do BE, concluíram o mesmo com tons relativamente diferentes. “Uma convergência em termos de dimensão política e não de qualquer arranjo eleitoral”, disse Jerónimo, acompanhado do líder parlamentar comunista, João Oliveira, e dos membros do comité central Jorge Cordeiro e Manuela Pinto Ângelo. O líder bloquista aproveitou, de seguida, a deixa para citar Jerónimo há três anos ao recorrer à ideia de “cada um na sua bicicleta”, embora com amplas convergências.

“Aqui há tempos, Jerónimo de Sousa disse que cada um andava na sua bicicleta e é verdade. Cada um vai na sua bicicleta, embora seja preciso acrescentar que andamos na mesma estrada e, de vez em quando, trocamos a nossa bicicleta por uma bicicleta de dois selins e andamos na mesma”, afirmou Semedo. O coordenador bloquista esteve acompanhado da também líder Catarina Martins, do líder parlamentar Pedro Filipe Soares e do dirigente Jorge Costa.

Jerónimo, que foi esta manhã pela segunda vez à sede dos bloquistas, em Lisboa, falou depois dos recursos conjuntos ao Tribunal Constitucional para ilustrar a convergência. E da "prioridade comum" aos partidos de reflectirem sobre as consequências da renegociação da dívida e do euro.

“Uma convergência que pode ter resultados, como se viu com a iniciativa comum em relação ao Tribunal Constitucional”, disse. Depois de enumerar a luta por salários, pensões, reformas e serviços públicos, o comunista disse que “essa acção demonstra as amplas possibilidades desse desenvolvimento”. Com uma nota de esperança: “Uma alternativa patriótica que está a ser construída e esse é talvez o elemento de esperança mais forte que resulta deste debate”.

Semedo, em sintonia, disse que há ainda outra “coincidência fundamental” na análise da situação política e que é a necessidade de eleições antecipadas.

"Coincidimos com o PCP num ponto muito importante, aliás com o qual a esmagadora maioria dos portugueses se identifica: Não há nada a esperar deste Governo e desta maioria de direita. A alternativa não está na repetição das velhas fórmulas de alternância entre PS e PSD nem nas velhas fórmulas de bloco central", afirmou.

Trabalhar “intensamente para construir uma alternativa de governo de esquerda” foi o compromisso assumido pelo líder bloquista, que concordou com Jerónimo que “o caminho não está nas velhas formas de alternância entre PS e PSD”. Jerónimo dissera parecido, minutos antes: "Uma proposta alternativa que reúna democratas, patriotas, forças políticas e sociais".
 

   

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