PCP acusa Governo de querer privatizar Caixa Geral de Depósitos

Em causa, críticas de Passos ao banco público

O dirigente do PCP Jorge Pires acusou esta segunda-feira o primeiro-ministro de ter como objectivo a privatização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), exigindo a PSD, PS e CDS que assumam responsabilidades pela catual situação do banco público.

"As palavras do primeiro-ministro só podem ser entendidas, para lá de antecipadas justificações quanto a incumprimentos de metas orçamentais, à luz de um objectivo há muito manifestado - o da privatização do banco público, caminho facilitado pela privatização da Caixa Seguros e Caixa Saúde, da responsabilidade de um Governo PS", afirmou, em conferência de imprensa na sede comunista, em Lisboa.

O membro da comissão política do comité central do PCP referia-se à manifestação pública de preocupação de Passos Coelho, na passada semana, pelo facto de aquela entidade bancária ainda não ter começado a devolver o empréstimo estatal de recapitalização de 900 milhões de euros ( cujo prazo de devolução termina em 2017), ao contrário de outros bancos privados.

"Capturado há muito pelos interesses dos grandes grupos económicos, Passos Coelho quer ir ainda mais longe na entrega de sectores estratégicos ao grande capital, como se pode verificar nas recentes declarações relativamente à CGD, a partir do facto da instituição ainda não ter devolvido ao Estado, por sinal seu único accionista, os 900 milhões de euros utilizados na recapitalização", referiu.

Os ex-líderes sociais-democratas e comentadores políticos Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes estranharam no passado fim-de-semana as palavras do chefe de Governo e sugeriram que substituísse a administração da CGD, pois tem poderes para isso, caso considere que há desempenho negativo por parte daqueles responsáveis.

"Não é por acaso que assistimos à mudança sistemática de lugares na administração da CGD, não por critérios de competência e de missão de serviço público, mas porque é preciso contentar clientelas políticas, o que é feito através da distribuição de cargos de forma rotativa entre ‘boys'  do PS, PSD e CDS, de acordo com a composição do Governo em funções", afirmou o dirigente comunista.

Jorge Pires considerou que, "sendo o Estado o único accionista do banco público, é ao Governo que cabe a escolha dos seus administradores e a definição das estratégias de intervenção, pelo que as responsabilidades pela actual situação da CGD são, em primeiro lugar, políticas e devem ser assumidas pelo actual e anterior governos".

O PCP defende o "controlo e domínio públicos" da "moeda, crédito e outras actividades financeiras essenciais", através de "nacionalizações, aquisições, negociação adequada ou intervenção de emergência, justificada pela defesa do interesse público".

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