Paulo Rangel, Jesus Cristo e a política

Jaime Gama, ex-ministro do PS, convidado para apresentar livro do eurodeputado do PSD que traz a debate a religião e a política

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Paulo Rangel Foto: Nelson Garrido

O mais recente livro do eurodeputado Paulo Rangel, intitulado Jesus e a política - reflexões de um mau samaritano, vai ser apresentado no próximo dia 17, no Porto. A sessão está marcada para o Palácio da Bolsa, um espaço que comporta um certo simbolismo tendo em conta em que se vai debater um tema cristão num salão árabe. A apresentação do livro será feita por Jaime Gama, antigo-ministro dos Negócios Estrangeiros e presidente da Assembleia da República, considerado um senador da República, que lutou contra a ditadura, e pelo seu filho, João Gama, professor da Faculdade de Direito de Lisboa. O debate será moderado pelo professor da Faculdade de Letras de Coimbra e teólogo Anselmo Borges, considerado um padre progressista.

 Ao PÚBLICO, Paulo Rangel explica as razões que o levaram a escrever este ensaio, que procura demonstrar que a separação entre a religião e a política tem a sua origem no Cristianismo.

“A minha intenção ao escrever este texto é, no fundo, trazer para a esfera pública o debate sobre as relações entre a religião e a política. É que em Portugal, por razões históricas várias, há um certo tabu em trazer a religião para o debate público. E o que este ensaio visa é dizer que a religião e a política fazem parte da nossa cultura pública”, declarou ao Rangel. O eurodeputado do PSD sublinhou ainda a ideia é que “estes dois temas sejam discutidos no espaço público com direitos de plena cidadania. Não tenhamos medo de discutir estas coisas”.

Escrito em três línguas, português, francês e inglês, o ensaio explica por que é que a figura de Jesus Cristo perturbou tanto o poder político e religioso da época. Lendo o ensaio percebe-se que Jesus foi visto como uma ameaça para o sistema político e religiosa apesar de não ter um projecto pessoal, no sentido de querer ser um líder político, nem um projecto programático de poder.

A apresentação do livro é aguardada com alguma expectativa pelo facto de juntar na mesma sessão Jaime Gama e João Gama, duas personalidades completamente diferentes. O antigo ministro socialista tem um perfil mais laico e um espírito mais progressista. Já João Gama é um homem com convicções mais liberais do centro-direita e com alguma ligação à religião. O debate, que se seguirá à apresentação do livro, acabará por reflectir duas visões diferentes: uma mais progressista e outra mais conservadora.

O ensaio Jesus e a política - reflexões de um mau samaritano começou a ser escrito há já algum tempo, mas só agora é que ficou concluído. Paulo Rangel acredita que a apresentação do livro ”será um momento de cultura muito grande”. “Será um acto de cultura pública sobre a figura de Jesus”, declara o autor do livro. Na calha, Rangel tem mais três ou quatro projectos.

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