Paulo Portas arranca vitória clara sobre Ribeiro e Castro nas directas do CDS

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Portas ganhou a Ribeiro e Castro com 74,6 por cento dos votos DR

Paulo Portas arrancou ontem uma vitória esmagadora sobre Ribeiro e Castro nas eleições directas do CDS-PP, regressando assim à liderança do partido dois anos após se ter demitido na sequência da derrota nas legislativas de 2005.

Dos 7563 votantes, Paulo Portas recolheu 5642 votos (74,6 por cento) e Ribeiro e Castro 1883 (24,9 por cento), tendo-se registado 38 votos nulos e em branco. À excepção de Viana do Castelo, que deu vantagem ao líder cessante, Portas ganhou em todos os distritos, o que representa uma vontade clara dos militantes em romper com a prometida continuidade do projecto de Ribeiro e Castro.

Contrariando todas as expectativas que foram sendo alimentadas pelos seus apoiantes, Portas limitou-se a uma fugidia aparição perante os jornalistas no hotel onde instalou o seu "estado-maior", em Lisboa. Agradeceu a confiança que os militantes depositaram nele, não esqueceu Ribeiro e Castro, a quem dirigiu uma palavra de saudação, e anunciou que só hoje fará uma declaração, marcada para a sede do partido.

"Quero apenas dirigir três palavras: aos militantes do CDS que foram votar - e foram muitos -, muito obrigado; ao concorrente, uma saudação democrática e um agradecimento pela presidência do partido durante dois anos; a todos que trabalharam neste processo, que o tornaram possível, o nosso reconhecimento pela transparência e decência no acto demonstrado", limitou-se a dizer.

Ao contrário de Portas, Ribeiro e Castro apressou-se a despedir-se da liderança do CDS, mesmo antes dos resultados serem oficialmente conhecidos, deixando acusações àqueles que "nunca aceitaram o resultado dos dois últimos congressos, se afadigaram em criar dificuldades à direcção e à acção política do CDS e nos últimos meses se concentraram no propósito de derrubar a direcção e mudar a liderança e o rumo do partido".

"Retornamos ao velho ciclo", declarou, fazendo questão de evidenciar os ganhos eleitorais que conseguiu para o partido, designadamente nas eleições autárquicas. "Entrego hoje as minhas funções com um quadro político substancialmente mais equilibrado do que quando este ciclo se iniciou em Fevereiro de 2005", vincou, numa declaração feita duas horas depois do encerramento das urnas.

Sem nunca dirigir uma saudação de felicitação pela vitória, nem tão-pouco pronunciar o nome de Paulo Portas, Ribeiro e Castro deixou claro que não abandonará o partido e fez um apelo aos militantes para que não se afastem do CDS, "independentemente da forma como cada um entender gerir a sua militância individual na variação da circunstância política". "O futuro é sempre uma estrada comprida e em planície aberta. Faz-se com todos, com os pés na base e um olhar em frente", disse.

Pedro Mota Soares congratulou-se com a vitória. "Esta votação mostra a expressiva vontade de que o CDS seja um partido diferente, que entre no ritmo da estabilidade e unidade e que finalmente faça oposição ao PS."

A distrital do Porto, a maior estrutura do partido, ofereceu a maior vitória nestas directas a Paulo Portas, que ganhou com 1197 votos, enquanto Ribeiro e Castro conseguiu apenas 253. Portas levou vantagem nos 18 concelhos portuenses, mas foi em Gaia que a diferença foi mais significativa - 300 contra 58.

"O partido falou serenamente, está maioritariamente unido em torno do novo líder e o CDS entrou num novo ciclo", declarou Álvaro Castello-Branco, que preside à distrital portuense do partido.

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