Paulo Portas apresenta alterações aos vistos gold

Novas regras para a autorização de residência a estrangeiros incluem majoração para os investimentos em territórios de baixa densidade.

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Paulo Portas vai continuar ligado à internacionalização de empresas Miguel Manso

O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, apresenta esta segunda-feira as alterações à lei dos vistos gold, que alarga o investimento de estrangeiros a outras áreas, como a ciência, cultura e reabilitação urbana.

Na passada quinta-feira, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares contou que "o modelo passa, de facto, pelo alargamento a outras actividades que não o imobiliário, como a investigação científica, cultura e a reabilitação urbana".

Luís Marques Guedes acrescentou que "há também uma majoração para quando os investimentos ocorram em territórios de baixa densidade para favorecer uma maior dispersão ao longo do território do país destes investimentos que podem ser feitos por estrangeiros", adiantando que mais pormenores sobre o assunto seriam divulgados hoje numa conferência de imprensa com Paulo Portas, em conjunto com o Ministério da Administração Interna.

"O trabalho feito acolhe recomendações pela Inspecção-Geral da Administração Interna e algumas sugestões de grupos parlamentares, quer da maioria, PS e PCP. O Bloco não indicou porque a sua posição era de revogar a legislação, não fazendo, assim, sentido contribuir para a sua reformulação", disse Marques Guedes, na conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros.

A atribuição actual de vistos gold, criados no âmbito do programa de Autorização de Residência para Actividade de Investimento em Portugal (ARI), é feita mediante três requisitos: aquisição de bens imóveis de valor igual ou superior a 500 mil euros, a transferência de capitais no montante igual ou acima de um milhão de euros e a criação de pelo menos 10 postos de trabalho.

A autorização de residência para cidadãos estrangeiros que façam grandes investimentos no território português é uma das medidas que têm sido defendidas pelo vice-primeiro-ministro e líder do CDS-PP para atrair capitais para Portugal.

Os vistos gold têm estado em destaque depois de em Novembro a investigação policial Operação Labirinto ter conduzido à prisão preventiva de cinco de 11 arguidos, entre eles vários altos quadros do Estado, como o presidente do Instituto dos Registos e Notariado, António Figueiredo, o director nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Manuel Jarmela Palos, e da ex-secretária-geral do Ministério da Justiça, Maria António Anes, suspeitos de diversas práticas ilícitas como corrupção.

Miguel Macedo demitiu-se do cargo de ministro da Administração Interna, por considerar que a sua autoridade tinha ficado diminuída uma vez que parte dos envolvidos estava sob a sua alçada.

Também na quinta-feira, a ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, afirmou que o SEF já elaborou o manual de procedimentos para a atribuição de vistos gold, estando neste momento o documento a ser analisado.

Entre 08 de Outubro de 2012 e 31 de Janeiro deste ano, foram atribuídas 2100 Autorizações de Residência para Investimento (ARI), dos quais dois no primeiro ano, 494 em 2103, 1526 no ano passado e 78 no primeiro mês de 2015.

De acordo com dados do Governo, o investimento total foi de 1273 milhões de euros, com a maior fatia (1154 milhões de euros) proveniente da compra de imobiliário, enquanto a transferência de capitais representou 119,8 milhões de euros. Do total de vistos dourados atribuídos, a esmagadora maioria (1992) foram para a compra de imóveis, 105 por via da transferência de capitais e três pela criação de, no mínimo, 10 empregos.

Segundo a informação disponível na página do SEF, foram atribuídas 3154 autorizações de residência a familiares reagrupados, 576 em 2013, 2395 no ano passado e 183 em Janeiro deste ano.

Entre as principais nacionalidades, a China lidera a tabela, com 1693 vistos gold atribuídos, seguida do Brasil (69), Rússia (66), África do sul (52) e Líbano (33).

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