Passos utilizará “todos os instrumentos” para concluir programa de resgate

Primeiro-ministro destaca “primeiros frutos” da “estratégia abrangente” e contabiliza “120 mil novos postos de trabalho” criados em 2013.

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Primeiro-ministro voltou a prometer não deixar ninguém para trás Nelson Garrido

Num tom ligeiramente mais vitorioso do que em anos anteriores, o primeiro-ministro definiu esta quarta-feira, na sua mensagem de Natal, o grande objectivo para 2014: terminar o Programa de Assistência Financeira União Europeia/FMI sem percalços.

“Estamos a cinco meses de terminar em Maio o Programa de Assistência. Será uma etapa decisiva da nossa recuperação. Precisaremos de todos os instrumentos que mobilizámos para concluir sem perturbações o problema. E precisaremos de os usar bem, com inteligência e determinação”, avisou Pedro Passos Coelho. Embora afirmando que havia “muito para fazer neste ano de 2014”, um ano “cheio de desafios”, a realidade é que se referiu apenas a um: o de encerrar o programa “que parecia em tempos tão distante e difícil”, mas que está “agora ao nosso alcance”.

O alerta foi feito poucos dias depois de o Tribunal Constitucional ter chumbado por unanimidade a lei da Convergência de Pensões aprovada pela maioria. A decisão levantou uma incógnita, não só sobre como o executivo tenciona cobrir o buraco de 388 milhões gerado pelo chumbo, mas também sobre o que acontecerá a outras medidas constantes do Orçamento do Estado para 2014.

As palavras do primeiro-ministro dão a entender que não tenciona procurar alternativas às medidas que tem tomado para enfrentar estas adversidades políticas, antes insinuando que vai “mobilizar” os “instrumentos” a que recorreu desde que assumiu o seu mandato.

A referência ao Programa de Assistência fora, já em 2012, o excerto de maior destaque da intervenção do primeiro-ministro. Há um ano, o presidente do PSD tentou tranquilizar os portugueses ao assinalar que “a esmagadora maioria das medidas que faziam parte” do programa de reformas do Governo – incluídas no memorando de entendimento com a troika –estava “já concluída ou em conclusão”.

Passos Coelho alicerçou agora a sua posição numa visão mais optimista em relação ao ano de 2013. O ano que viu, segundo o próprio, dar “os primeiros frutos” da “estratégia abrangente” colocada em prática pelo Governo. Uma economia que “começou a dar a volta”, graças ao crescimento das exportações, sustentadas por quotas de mercado ganhas aos “nossos competidores” e também devido à entrada “em mercados em que Portugal nunca tinha entrado”.

Os “excedentes comerciais e financeiros com o exterior” e o “vergar da dívida externa e pública” estão a fazer Portugal crescer “acima do ritmo da Europa”. E até mesmo o emprego está a crescer, com “120 mil novos postos de trabalho” criados até ao terceiro trimestre do ano. Quanto à redução do défice orçamental, só não se foi “mais longe” porque “precisámos dos recursos para garantir os apoios sociais e a ajuda aos desempregados”.

Há um ano, os auto-elogios do chefe do Executivo centravam-se na “confiança” –  principalmente, na relação do Governo “com as instituições internacionais responsáveis por este programa”.

As semelhanças entre as mensagens de Natal fizeram-se notar mais na parte mais programática e ideológica do discurso. Mais uma vez, Passos Coelho voltou a falar no Portugal “de futuro” com que sonhava. Das “oportunidades” para os portugueses “geradas por uma economia mais democrática, por uma sociedade mais dinâmica, por um país mais aberto”.

A 25 de Dezembro de 2012, prometeu que “todos” beneficiariam “das novas oportunidades” a serem criadas “nos próximos anos”. E, um ano antes, sustentara que as reformas estruturais que tentava implementar serviam para democratizar a economia e mudar as “estruturas” que impediram muitos portugueses de “realizar todo o seu potencial”, reprimindo as “suas oportunidades”.

Na mensagem desta quarta-feira, Passo Coelho insistiu ainda numa expressão que traz consigo desde que tomou posse. “Na recuperação do nosso país, ninguém pode ficar para trás”, afirmou através das estações televisivas, tal como o fizera há um ano, ao prometer que “ninguém que esteve presente nos piores momentos da crise, com a sua coragem e o seu esforço, será deixado para trás nos anos de oportunidade que temos pela frente”.
 

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