Passos remete para Marcelo solução de eventual crise política

Líder do PSD apresentou moção de estratégia global em que não se refere ao CDS-PP

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Nem eleições nem um novo governo no quadro parlamentar. Na moção de estratégia global ao congresso do PSD, em Abril, o candidato à liderança do partido Pedro Passos Coelho reitera que está preparado para voltar a assumir funções de Governo, mas não avança com quaisquer cenários nem datas. A solução de uma eventual crise política, que Passos espera que não aconteça, ficará nas mãos do Presidente da República. Já para as eleições autárquicas de 2017, Passos Coelho ambiciona que o PSD seja o mais votado.

Na moção de estratégia global ao congresso - e com que se apresenta nas eleições directas no próximo sábado -  o candidato defende que “o PSD não deixará de estar sempre preparado para reassumir responsabilidades de governo, se a isso vier a conduzir o esgotamento da solução de governo protagonizada pelo PS”. Mas recusa explorar cenários e admite que “existem mecanismos no quadro constitucional que permitirão aos partidos políticos com responsabilidades parlamentares e ao senhor Presidente da República avaliarem as melhores soluções a adoptar em face das circunstâncias concretas”. Perante a insistência dos jornalistas, Passos Coelho repetiu: “Não vou especular nem um bocadinho sobre isso. Não vou mesmo”. O actual líder e único candidato à presidência do PSD falava na sede do partido depois de ter entregue a moção, numa pen e um dossier preto com as assinaturas recolhidas, ao presidente do Conselho de Jurisdição, Calvão da Silva.

Assumindo que o PSD deverá ser uma “oposição firme” ao Governo de António Costa, Passos Coelho rejeita que o partido venha a ter qualquer responsabilidade na origem de uma eventual crise política. Essa crise “no actual quadro parlamentar não pode deixar de resultar do desentendimento gerado no seio da maioria que suporta o Governo”, lê-se no texto. O líder do PSD reafirmou esperar, aliás, que o Governo cumpra toda a legislatura: “Espero que não falhe”. Um dos primeiros testes ao Executivo pode acontecer já em Abril, se uma iniciativa legislativa sobre o Programa de Estabilidade e Crescimento for colocada à votação no Parlamento. Questionado pelos jornalistas sobre qual a posição do PSD, caso venha a falhar o apoio das bancadas do PCP ou do BE, Passos Coelho remeteu para mais tarde. “Quando aparecer o Plano de Estabilidade, logo analisaremos”, disse, lembrando que o documento serve de base aos próximos Orçamentos e que é isso que o executivo terá de gerir.

Mesmo que o Governo cumpra os quatro anos, Passos Coelho coloca o PSD como o mais bem colocado para ser a alternativa ao PS por ser um “partido reformista”. “Se este Governo durar quatro anos, e não nos conduzir a nenhuma desgraça, ainda assim o país não crescerá o suficiente, não estará a criar dinâmica de emprego, não estará a superar as dificuldades. E portanto eu acredito que o PSD será necessário”, disse, assumindo que, enquanto durar o mandato de dois anos de líder do partido, é candidato a primeiro-ministro. A “desgraça” a que se referia será um novo programa de resgate, uma possibilidade que, na moção, é considerada remota mas que não é totalmente afastada: “A actual linha estratégica de governo pode não acabar necessariamente no retorno à insustentabilidade económica e financeira com o estrondo que acabou em 2011”.

Recusando as acusações de ter liderado um Governo que pôs em prática um “‘direitismo’ austeritário” e de “falta de sensibilidade social”, Passos defende que o PSD deve reconhecer de “modo descomplexado” e “com dignidade o trabalho que realizou enquanto esteve no Governo.

Sem uma referência ao CDS-PP sobre o futuro na moção, Passos Coelho esclareceu que “tem concordado” com o que tem dito a candidata a líder do partido, Assunção Cristas, e que será o interlocutor do “diálogo preferencial” do PSD. Mas recusou comentar a possibilidade admitida por Cristas, em entrevista ao PÚBLICO, de apoiar um novo Governo com PSD e PS, mas sem António Costa.

Relativamente às eleições autárquicas, Passos Coelho defende que o PSD “tem a aspiração de voltar a ser, em 2017, o maior partido” e de conquistar “o maior número de presidências de Câmara, para voltar desempenhar, “simbolicamente”, a presidência da Associação Nacional de Municípios Portugueses.

Como proposta de reforma política, volta a avançar com a ideia de “consagração do voto preferencial opcional e reconfiguração dos círculos eleitorais”, que já constavam em anteriores moções de estratégia.  

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